Pelas suas características marcantes nos segmentos comercial e de serviços, a crise demorou um pouco mais a chegar em Londrina comparada às cidades que focam na indústria e construção civil, por exemplo. Entretanto, para o professor do ISAE/FGV, Robson Gonçalves, este não é um momento de olhar para os últimos meses, e sim "dar um horizonte ao desenvolvimento".

Ele resume tudo que o Brasil viveu recentemente como um caminhar na neblina, que foi ficando cada vez mais densa. "O que tivemos até maio deste ano foi o agravamento intenso das incertezas. Elas iniciaram no campo econômico, foram para o campo político e voltaram para a economia. Quando se caminha em meio à neblina, o ambiente de negócios - o chamado clima de investimento - fica muito pouco propício. Se estou caminhando sem visão, eu preciso ir devagar", explicou o economista.

Neste momento, tanto os investimentos pessoais como as atividades empresariais frearam drasticamente. "A preferência pela liquidez, ou seja, o dinheiro no bolso, paralisa o consumo de bens duráveis e investimento. Na neblina, ou seja, na crise, temos uma oportunidade de negócio ao alcance da mão, mas não enxergamos."

Pelo cenário que se vive hoje, Gonçalves acredita que o capital para investimentos deve ser internacional a curto prazo. É neste instante que entra a capacidade das cidades médias em mostrar seu valor em patamares mundiais. "Será que na Inglaterra se sabe que em Londrina há cabines telefônicas que lembram as de Londres? O mundo precisa conhecer as vocações da cidade. É preciso fazer um roadshow para mostrar todo o potencial que se tem na região. As pessoas precisam falar de Londrina, como aconteceu, por exemplo, em Paraty, que todos conhecem pelo festival literário. Nos Estados Unidos, as cidades brigam para sediar as convenções dos partidos Democrata e Republicano. Isso não é atrativo apenas do ponto de vista econômico, mas também midiático." (V.L)