A ONG SOS Mata Atlântica também disponibiliza dados dos municípios que mais derrubaram o bioma. Os números detalhados, compilados a partir de 2000 até 2014, colocam dois municípios paranaenses entre os dez maiores desmatadores de Mata Atlântica do País: Bituruna (6º), com 5.538 hectares, e Coronel Domingos Soares (9º), com 4.677 hectares. O ranking é liderado por duas cidades mineiras, Jequitinhonha (8.708 hectares) e Águas Vermelhas (6.543 hectares).

O boletim mais recente, do período entre 2014 e 2015, não incluiu nenhuma cidade paranaense entre os dez maiores desmatamentos do Brasil. Prudentópolis teve a maior área de Mata Atlântica derrubada no Estado. Foram 189 hectares de mata postos abaixo. O município apresentou as maiores áreas contíguas de desmatamento, duas delas na região próxima aos limites com Guarapuava e Turvo. A área fica entre dois pontos importantes de preservação: o Salto São Francisco, maior queda d'água do Sul do País, com 196 metros, e o Território Indígena de Marrecas, reserva caingangue com 16,5 mil hectares de floresta de araucária preservada, uma das maiores do Estado.

A reportagem flagrou nesse trecho uma área de cerca de aproximadamente 50 hectares com fileiras de árvores derrubadas. Apenas algumas araucárias foram poupadas. Os especialistas alertam, no entanto, que o que está ameaçado não é só a espécie, mas o bioma da mata atlântica que ocorre em torno dela e várias outras espécies. As florestas de araucárias constituíam um ecossistema próprio com cinco andares de vegetação. No alto, a paisagem era dominada pelas frondosas copas das araucárias. Logo abaixo apareciam as imbuias, seguidas de perto pelos cedros. Em meio a chamada "mata preta", como era conhecida pelos habitantes, havia ainda a gameleira, a canela sassafrás, a sálvia, o angico, a timbuia e outras 169 espécies catalogadas.

Márcia Hirota, coordenadora do Atlas da SOS Mata Atlântica, alerta que o Paraná possui um quadro crônico de desmatamento e o problema, segundo ela, é localizado. "Pelos dados, é possível perceber que a derrubada da vegetação ocorre sempre nos mesmos municípios, onde estão as florestas de araucária", lamentou. Ela demonstrou preocupação com o crescimento expressivo do desflorestamento no Estado no último período. "A situação é preocupante sempre quando os números voltam a crescer após um período de estabilidade", comentou. (C.F.)