Em Londrina para participar da entrega de novas máquinas e equipamentos ao Consórcio Público Intermunicipal de Inovação e Desenvolvimento do Estado do Paraná (Cindepar), os ministros Helder Barbalho (Integração Nacional), Ricardo Barros (Saúde) e Osmar Serraglio (Justiça) minimizaram a greve geral que paralisou ontem alguns setores do País. Apenas em Londrina, cinco mil pessoas representando mais de 30 categorias profissionais, além de líderes políticos e religiosos, foram às ruas protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência que estão sendo propostas pelo governo federal. Apesar da mobilização, as autoridades presentes à cerimônia, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, contemporizaram a pressão popular e defenderam a necessidade de mudanças.

"Só a nossa presença aqui mostra que não teve paralisação geral. Não houve, foi pífia e não teve a expressão que se imaginava ter", criticou Serraglio, para quem a situação foi "forçada" pelos sindicatos. "Quando perceberem que a adesão não seria como imaginaram, forçaram a greve com piquetes, mas o resultado foi o que nós vimos: as instituições funcionaram, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias estaduais tomaram providências e o Brasil está funcionando normalmente", avaliou.

Para ele, as medidas "drásticas" que o Palácio do Planalto está propondo são fundamentais para conduzir o país à recuperação econômica. "Nunca se fecha a oportunidade de discutir, mas depende de algo racional que justifique uma mudança. De nada adianta imaginar que iremos promover a recuperação econômica, se não adotarmos as medidas necessárias", defendeu.

O ministro afirmou ainda que as manifestações de ontem, ao invés de enfraquecer as reformas, vão fortalecer a tomada de posição pelo Congresso. "A sociedade não aderiu como se imaginava, foi uma decisão de cima para baixo", criticou, insinuando que os maiores interessados nas manifestações seriam as pessoas que comandam o sistema financeiro dos sindicatos, preocupados em perder os recursos das taxas sindicais que hoje são cobradas compulsoriamente dos trabalhadores.

Já o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, assumiu posição menos radical e destacou que o governo "deve estar disponível para ouvir as mensagens de todos os segmentos". "Mas estamos certos e convictos sobre a necessidade de fazer os ajustes na previdência da mesma forma como foram feitas as trabalhistas", disse.

INFIÉIS
Questionado sobre os deputados do PP que ignoraram a orientação do partido e votaram contra a reforma trabalhista, o ministro Ricardo Barros afirmou que, apesar da falta de consenso, o secretário de governo do Palácio do Planalto, ministro Antonio Imbassahy, está trabalhando na coordenação dos votos para viabilizar outras mudanças que estão sendo discutidas, como a reforma da Previdência. "É fundamental para retomar o crescimento econômico e dar oportunidade aos treze milhões de brasileiros que perderam o emprego. Só vamos conseguir isso, se organizarmos as contas públicas", insistiu, lembrando que o Brasil acumula déficit primário há cinco anos.

"O país gasta mais que arrecada. Essa conta é paga com emissão de letras do tesouro nacional que ficarão para futuras gerações de brasileiros. As reformas são necessárias para recuperar a credibilidade do mercado internacional, retomar o crescimento e dar qualidade de vida para a população", defende. Ele admitiu que o texto original pode ser aprovado com ajustes que atendam à pressão da sociedade, mas garante que não há possibilidade de não aprovação. "Precisamos da maioria, por isso, o relator vai fazer ajustes para que a proposta tenha os 308 votos necessários no plenário", espera.

'LAMENTÁVEL'
O governador Beto Richa classificou a greve de ontem como "lamentável". "Ainda não temos os números sobre a adesão, mas é uma atitude lamentável em um momento de reconstrução do Brasil, quando todos deveriam estar trabalhando em busca de desenvolvimento econômico e retomada da geração de empregos", criticou.

Em seu discurso no evento, ele afirmou que o Paraná foi o primeiro Estado a tomar "medidas impopulares". "Meus adversários distorceram os fatos e confundiram a opinião pública, mas fizemos a reforma da Previdência e o Paraná está saindo da crise", disse. O governador afirmou ainda que a decisão colocou em risco seu próprio "capital político", mas também evitou que o Paraná acabasse como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que decretaram estado de calamidade financeira.