Mais de 30 categorias sindicais mobilizaram os trabalhadores a aderirem ao movimento
Mais de 30 categorias sindicais mobilizaram os trabalhadores a aderirem ao movimento | Foto: Anderson Coelho



Cerca de 15 mil pessoas participaram nesta sexta-feira (28), em Londrina, da manifestação que marcou a greve geral nacional contra as reformas previdenciária, trabalhista e de terceirização irrestrita propostas pelo governo federal. A quantidade de participantes foi calculada pelos organizadores. Os manifestantes reuniram-se na Avenida Leste-Oeste, em frente ao Terminal Urbano, onde o trânsito foi bloqueado por agentes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). A concentração começou timidamente logo no início da manhã e pouco depois das 11 horas os participantes seguiram em passeata pela Avenida São Paulo em direção ao Calçadão, onde aconteceu um ato público.

Mais de 30 categorias sindicais mobilizaram os trabalhadores a aderirem ao movimento, que também contou com a participação de lideranças políticas, religiosas e estudantis. "Nossa confederação [Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis – Cobrapol] nos deu uma diretriz para que todas as federações aderissem à paralisação e os policiais civis suspendessem as atividades no dia de hoje. Estamos aqui contra as medidas que avançam na direção da destruição dos direitos dos trabalhadores. A greve de hoje é uma continuidade do protesto que fizemos no dia 18 de abril e no dia em que for feita a leitura do relatório da reforma previdenciária iremos para Brasília. Nosso protesto será lá", disse o presidente do Sindicato das Polícias Civis do Paraná (Sindipol), Michel Franco.

Segundo ele, toda a categoria aderiu à greve geral desta sexta-feira e foram mantidos os atendimentos apenas aos casos de urgência e aqueles considerados de maior gravidade. "Essas reformas prejudicam todos os trabalhadores brasileiros, não só os empregados da iniciativa privada. As mudanças acabarão chegando ao serviço público", destacou o sindicalista.
Professoras do Centro Municipal de Educação Infantil Ignes Rodrigues Bergamaschi, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), vieram para Londrina para participar do protesto. Rosangela Franzoni disse que uma das principais preocupações dos professores das creches é com a reforma da Previdência, que deve manter em atividade professores com idade mais avançada. "Como professores já mais velhos vão conseguir cuidar de crianças de zero a 3 anos de idade? A reforma vai prejudicar tanto as crianças atendidas quanto os professores", afirmou.

A catadora de papel Zilda Marcelino de Souza saiu do Jardim Santa Fé (zona leste) e foi caminhando até o Terminal Urbano, uma distância de cerca de seis quilômetros, para aderir à mobilização. "Chamei meus colegas que também catam papel, mas eles não quiseram vir, então eu vim sozinha. Se eu pudesse me virar em dez eu me virava só para aumentar o número de pessoas na greve. Eu sou pensionista, estou com 72 anos, mas penso em todos os trabalhadores brasileiros. São os direitos de todos. Eles que vão ser prejudicados com essas mudanças que o governo quer fazer. A gente precisa protestar contra isso", disse ela, que comprou uma corneta para usar durante a manifestação. "A gente tem que fazer muito barulho."

Atendendo à convocação da Arquidiocese de Londrina, que conclamou a comunidade católica a aderir à greve geral nacional, Irmã Gabriela, da Congregação Claretiana, considera as reformas um desrespeito aos direitos humanos. "As reformas vão contra o que nós defendemos. Como Jesus, no seu tempo, incomodou a sociedade com suas posturas, nós, no nosso tempo, temos que fazer o mesmo e vir para as ruas."

MOBILIZAÇÃO - Ato leva 15 mil às ruas de Londrina
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PORTAS FECHADAS
À medida que o protesto foi avançando em direção ao Calçadão, os comerciantes foram fechando as portas de seus estabelecimentos. Proprietária de um estacionamento na Avenida São Paulo, Rosemeire Tini Oliveira decidiu suspender as atividades até que os manifestantes passassem pela via por medo de vandalismo. "A gente já está com três feriados seguidos no mês. Já estamos com dificuldade de pagar nossas contas. Vou ter mais um prejuízo hoje. Não apoio o movimento da forma como está sendo feito", criticou.
No Calçadão, Antoninho Rovani, proprietário de um restaurante, até tentou manter o funcionamento "a meia porta", mas acabou fechando. "Normalmente, neste horário, era para estar começando o movimento aqui no restaurante, mas hoje, com os bancos fechados, o movimento já estava mais fraco. Mas quem sabe essa manifestação seja para o nosso bem? O brasileiro é muito esperançoso", observou o comerciante.
O protesto também atrapalhou as atividades dos expositores da Feira do Feito a Mão, no trecho do Calçadão onde os manifestantes se concentraram após a passeata, próximo à Rua Prefeito Hugo Cabral. A expositora Arlene Paçan reclamou da mobilização. "Não apoio esse movimento. Sou a favor de uma intervenção militar e de fechar o Brasil. Precisamos recuperar os valores morais e éticos que foram perdidos."

LUCRO
Já a proprietária da Pastelaria Utopia, Izabel Massako, não tinha do que reclamar. Com o fechamento de todos os restaurantes e lanchonetes do Calçadão, a decisão de manter as atividades durante a manifestação se mostrou acertada. "Nesse horário (por volta do meio-dia) as pessoas estão almoçando, ninguém come salgado. Hoje as nossas vendas aumentaram um pouco", comemorou.

A comerciante defende a reforma da Previdência, mas não da forma como está sendo conduzida pelo governo federal. "Desde a década de 1970 que está precisando fazer a reforma previdenciária, mas ela vinha sendo adiada porque não dá voto. Mas a reforma precisa ser negociada e discutida com o trabalhador, tem que dialogar. Não pode ser feita dessa forma."

A manifestação estava prevista para se estender até as 15 horas, mas por volta das 13 horas boa parte dos participantes já se dispersava. O comércio reabriu durante a tarde e os ônibus voltaram a circular normalmente.