O professor Pedro Bodê, do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), não vê uma solução a curto prazo para a crise do sistema penitenciário do País e acredita que a guerra ganhe as ruas. "O que acontece lá dentro reflete nas ruas, e vice-versa. É muito provável que os acertos de conta se estendam para as ruas", avalia. Ele cita duas hipóteses que podem colocar fim aos conflitos. "Ou o PCC consegue de vez a hegemonia ou reata os acordos com os grupos rivais. Do contrário, os enfrentamentos seguirão", pontua.

Bodê ressalta que a violência não é uma característica do PCC. "Esta facção paulista adotou uma estratégia parecida com a adotada pela máfia de Nova York nos anos 1990, que substituiu os crimes violentos por uma estratégia gerencial, ligada à corrupção", explica. Para ele, é preciso melhorar a qualidade das investigações, o que esbarra na modernização da justiça criminal.

O analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança, Guaracy Mingardi, prevê outros desdobramentos. "Isso não vai parar por aí. Possivelmente, já está acontecendo também a disputa fora dos presídios. Fora das unidades, os dois grupos (PCC de um lado e CV e aliados de outro) estão se enfrentando para controlar bocas de fumo nas rotas do tráfico. Eles estão brigando não só nos presídios, mas nos presídios aparece mais porque quando tem morte é por atacado. Nas ruas eles já começam a brigar e (...) o conflito será mais feio porque pode atingir a população", comenta.

O especialista aponta algumas ações para solucionar a crise. "Para evitar a chacina, tem que separar os presos, contratar mais agentes, impedir a entrada de armas e celulares, isso a curto prazo. A longo prazo, o Estado tem que retomar o poder dentro desses presídios e diminuir a rentabilidade do tráfico", enumera.(C.F. e V.C.)