Edson Campagnolo, Ricardo Barros, Marcos Rambalducci, Robson Gonçalves e  Cláudio Tedeschi, durante o debate do EncontrosFolha: comprometimento da sociedade
Edson Campagnolo, Ricardo Barros, Marcos Rambalducci, Robson Gonçalves e Cláudio Tedeschi, durante o debate do EncontrosFolha: comprometimento da sociedade | Foto: Ricardo Chicarelli


A união de forças entre entidades, sociedade e políticos em torno de um projeto de desenvolvimento regional que extrapole a alternância de governantes e garanta o cumprimento de metas já estabelecidas por diversas pesquisas realizadas sobre o potencial dos municípios do Norte do Paraná. Este é o grande desafio deixado aos participantes e convidados da 7ª edição do EncontrosFolha, evento promovido pelo Grupo Folha de Comunicação, que discutiu o tema "Projetando Londrina e Região para o Desenvolvimento: Indústria, Comércio e Serviços". O evento foi realizado no último dia 29, no Buffet Möress, em Londrina.
Ao final do debate, o consenso entre os participantes é que a região tem muitas oportunidades nos setores de saúde, tecnologia da informação e agronegócio. Esta percepção é confirmada por pesquisas como as realizadas pelo Fórum Desenvolve Londrina, as próprias edições anteriores do EncontrosFolha e outros estudos setoriais. O que falta, de acordo com os debatedores, é o comprometimento de todos para que o desenvolvimento econômico e social ocorra.
"O EncontrosFolha deixou de ser um projeto para se tornar um espaço importante na agenda de desenvolvimento do Paraná", afirmou o superintendente do Grupo Folha de Comunicação, José Nicolás Mejía. Ele reforçou que as edições anteriores do evento já geraram resultados concretos para a região, como as melhorias na área de logística - incluindo obras em rodovias -, a necessidade de investir em cursos de engenharia e a valorização de ações na área de TI, entre outros exemplos. "Depois de dois anos de discussões, convidamos as lideranças políticas e associativas para participar ativamente na implantação das propostas", disse.
Participaram desta edição do EncontrosFolha o economista e professor do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, que proferiu a palestra de abertura; o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que também é ex-secretário estadual da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul; o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo; e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Cláudio Tedeschi. O debate foi mediado pelo professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e consultor da Acil, Marcos Rambalducci.

José Nicolás Mejía, superintendente do Grupo Folha de Comunicação: "O EncontrosFolha deixou de ser um projeto para se tornar um espaço importante na agenda de desenvolvimento do Paraná"
José Nicolás Mejía, superintendente do Grupo Folha de Comunicação: "O EncontrosFolha deixou de ser um projeto para se tornar um espaço importante na agenda de desenvolvimento do Paraná" | Foto: Gustavo Carneiro


Soma de potencialidades

O ministro Ricardo Barros afirmou em sua apresentação que a especialização é fundamental para as cidades se desenvolverem e defendeu a necessidade de envolvimento da sociedade organizada para garantir o crescimento. "Em Maringá, a sociedade organizada estabelece as diretrizes e o Conselho de Desenvolvimento Econômico exige comprometimento dos envolvidos para que sejam cumpridas. É o chamado controle social", afirmou.
Segundo ele, outra necessidade urgente para a região é a colaboração entre os municípios, que juntos podem oferecer uma "soma de potencialidades" aos investidores em disputas para atrair empresas. "Uma grande indústria regional fomenta várias outras pequenas indústrias", exemplificou.
Mobilidade, agilidade na obtenção de licenciamento ambiental, infraestrutura, saúde de qualidade, educação e mão de obra qualificada são características que os empresários observam quando avaliam as potencialidades de um município. "O executivo também vai morar na região e pensa em si próprio antes de decidir", advertiu.
O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, comentou que o Observatório da Indústria mapeou oportunidades em todas as regiões do Estado e, diante do potencial de Londrina para a área de TI, instalou na cidade o Instituto Senai de Tecnologia. O dirigente lembrou, entretanto, que as mudanças necessárias ao Brasil para permitir o retorno do crescimento econômico passam por propostas que são discutidas no Legislativo e decididas pelo Executivo. "Se continuarmos com timidez para falar de política, continuaremos comendo pão seco e amassado", criticou.
A mudança, para ele, depende das cobranças da sociedade. "Existem reformas que precisam ser aprovadas pelo Congresso, como a da Previdência ou da Saúde, mas para isso precisa de apoio popular", pediu, destacando que é também um desafio para o presidente Michel Temer, cuja continuidade no poder será decidida nos próximos dias com a decisão sobre o impeachment de Dilma Rousseff. "Ele poderá ter uma oportunidade de colocar o Brasil no caminho do desenvolvimento. Precisamos de readaptação das relações de trabalho, mas para isso é preciso se manifestar", conclamou.
Já o presidente da Acil, Cláudio Tedeschi, defendeu a necessidade de começar a produzir políticas de Estado a médio e longo prazo que sejam capazes de mudar as condições de vida da população, ao invés de apenas "produzir políticas de manutenção de poder".
O Fórum Desenvolve Londrina, segundo Tedeschi, usa uma metodologia baseada no olhar para Londrina sempre 30 anos à frente. Com essas informações em mãos, ele afirma que a Acil pretende ser uma guardiã das medidas que forem implementadas como política de Estado, independentemente do governante.
Além disso, ele pede o enxugamento do setor público, que considera maior que o Produto Interno Bruto (PIB). "O governo precisa tomar as medidas necessárias porque o setor público vai chegar à exaustão e entrar em colapso", argumentou, lembrando ainda que o momento é de valorizar a importância do associativismo para avançar.
A Acil, neste contexto, tem metas de administração que pretende por em prática, como incentivar compras do setor público de fornecedores da própria cidade e desburocratizar serviços. "O setor público compra R$ 1,5 bilhão, mas gasta apenas 9% em Londrina. Se conseguirmos dobrar esse valor, serão R$ 150 milhões a mais na economia", pontuou.
A 7ª edição do EncontrosFolha teve patrocínio da Vectra Construtora e Unimed Londrina.