Nascido em Cambará, mas criado em Londrina, o ex-jogador de futebol Emilson Cribari construiu uma sólida carreira no exterior.

Saído do Londrina Esporte Clube, onde iniciou no esporte, passou 13 anos jogando no disputado futebol italiano, realizou uma temporada no Cruzeiro, em Belo Horizonte (MG), e depois experimentou mais dois anos na Escócia. O sucesso profissional trouxe prestígio e reconhecimento, mas não conseguiu minimizar a saudade que sempre sentiu dos pais e irmãos. Por isso, após o nascimento dos filhos Larissa, de 4 anos, e Lorenzo, de 11 meses, Cribari tomou a decisão de não mais sofrer de saudade. "Saí do Brasil aos 17 anos e sempre senti o peso da saudade. Atualmente, todas as minhas decisões profissionais são baseadas na família", conta.
A distância sempre foi o maior sacrifício que o esportista fez em nome da carreira. "Todas as despedidas eram muito dolorosas", recorda. Quando conheceu a esposa Talita, o namoro à distância só aumentou a vontade de estar perto. Após o casamento, porém, foi o nascimento da primogênita Larissa que começou a despertar em Cribari a vontade de parar de viajar. "Morávamos em Belo Horizonte, mas decidimos que ela nasceria em Londrina para estarmos perto da família. A cada tempinho que eu tinha, vinha ver minha filha, mesmo que fosse por menos de 24 horas. Quando nascem os filhos, a saudade multiplica", recorda.
Ao final da temporada no Cruzeiro, os três foram para a Escócia, onde Cribari e Talita aprenderam sozinhos todos os cuidados com o bebê. "Nesta época eu já estava chegando aos 35 anos, me sentia muito realizado e resolvi que era hora de passar mais tempo com minha família, incluindo pais e irmãos, com quem estive por poucos momentos ao longo de 15 anos. Também não queria repetir o padrão com os filhos", revela. Lorenzo veio logo depois da decisão de retornar a Londrina. Todos os dias, as duas crianças mostram a Cribari que a opção de estar com eles foi a mais acertada.
"Dou comida e banho, faço compras, brinco, participo de todas as reuniões da escola e acompanho as consultas médicas. Finalmente estou vivendo a rotina que sempre sonhei", diz. A alegria de viver a infância dos filhos se revela em detalhes como chamar pelo nome todas as bonecas da filha. "Meu projeto para os próximos cinco anos é estar com eles e me dedicar aos estudos para desenvolver uma carreira de treinador", planeja.
Ao escolher estar perto dos filhos, o atleta escolheu também mostrar a eles que estará sempre disponível para acolhê-los e apoiá-los. "Mas também vou ensiná-los a correr atrás dos próprios sonhos, como meu pai fez comigo", avisa ele, que já planeja ter mais um filho.

"Dou comida e banho, faço compras, brinco, participo das reuniões da escola... Finalmente estou vivendo a rotina que sempre sonhei", diz o ex-jogador Emilson Cribari, pai de Lorenzo, 11 meses, e Lari
"Dou comida e banho, faço compras, brinco, participo das reuniões da escola... Finalmente estou vivendo a rotina que sempre sonhei", diz o ex-jogador Emilson Cribari, pai de Lorenzo, 11 meses, e Lari | Foto: Saulo Ohara


Bem-estar emocional

Tania Paris, presidente da Associação Pela Saúde Emocional das Crianças (Asec), afirma que a Organização Mundial de Saúde (OMS) define que saúde não é meramente a ausência de doenças, mas o estado de bem-estar físico, mental e social. O pai afetivo, portanto, colabora para garantir que a criança tenha bem-estar emocional e, consequentemente, a boa saúde. "Essa é uma grande herança que os pais podem deixar para os filhos", explica ela, mencionando uma carta do príncipe William, da Inglaterra, no Dia dos Pais britânico.
"Hoje comemoro meu terceiro Dia dos Pais. Não é apenas o dia em que celebro quão abençoado eu sou pela minha jovem família, mas também um dia para pensar no quanto eu aprendi sobre a paternidade e as questões enfrentadas pelos pais. É o momento de refletir sobre a minha responsabilidade de cuidar não só da saúde física dos meus dois filhos, mas também de tratar a saúde mental deles como uma prioridade igualmente importante", disse ele.
Tania reforça que cabe ao pai dar a devida importância aos sentimentos da criança. "Se ela está retraída, triste ou chora por qualquer coisa, o pai tem que considerar", afirma, reconhecendo que para os homens é mais difícil manifestar os sentimentos porque a educação tradicional ainda ensina que "homem não chora". "É preciso superar este estereótipo e conversar sobre os sentimentos dos filhos com naturalidade", acredita.
Tania lembra que a criança tem todos os sentimentos de um adulto e que, portanto, uma situação difícil pode trazer forte sofrimento. "Quando o pai acolhe, está ensinando que não existem sentimentos errados, todos podem aflorar. Se a criança sente medo, por exemplo, o pai deve abraçar e se colocar à disposição para ajudar a passar mais rápido", acredita.
A especialista destaca que os pais mais sensíveis são uma necessidade do mundo atual, marcado pela desumanização. "Quanto mais estressante a vida, mais necessário é mostrar à criança o lado de acolher os sentimentos. O uso exagerado de tecnologias atrofia a capacidade de se relacionar. As questões difíceis da vida são resolvidas com conversa olho no olho", pede.