O número pessoas com planos de saúde diminuiu 1,3 milhão no Brasil em 2016 na comparação com 2015, movimento que se deve, principalmente, ao fechamento de postos de trabalho em empresas que oferecem o benefício durante o período. O volume representa queda de 2,8%, de 49,2 milhões de beneficiários para 47,8 milhões, conforme balanço divulgado na última semana pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IEES).

Apesar de 1,1 milhão de planos encerrados estarem no Sudeste e 630 mil apenas em São Paulo, a retração se deu em 23 Estados. No Paraná, a retração foi de 41 mil vínculos do tipo, ou 1,5% a menos. São 2,8 milhões paranaenses com direito ao benefício e 17,7 milhões em São Paulo.

Como o mercado de planos coletivos representa 80% do total e o de coletivos empresariais, 65%, o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, afirma que a variação negativa está diretamente ligada ao mercado de trabalho. "Mesmo que a pessoa pague um plano individual, o aumento do desemprego deixa menos recursos para as famílias", diz. Vale lembrar que o número de carteiras assinadas diminuiu exatamente em 1,3 milhão no ano passado, de acordo com os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Carneiro considera que a expectativa era até de maior redução no número de planos no ano passado, justamente pela perspectiva ruim para os trabalhadores. Isso porque a renda familiar deixou de crescer em termos reais, quando descontada a inflação. "Pesquisas anteriores do IESS apontam que 80% das pessoas que não têm planos de saúde querem ter, mas não estão em empresas que oferecem o benefício e não têm condições de pagar por isso", diz. O executivo completa que o plano de saúde está em terceiro na lista de prioridades para o brasileiro, atrás da educação e da casa própria.

Imagem ilustrativa da imagem Desemprego puxa redução de contratos de planos de saúde



REALIDADE DIFERENTE
O Paraná apresenta um cenário diferente em relação ao País quanto ao tipo de plano contratado. O Estado é um dos poucos que têm mais de 25% de benefícios individuais ou familiares. Somente Goiás, Ceará e Pernambuco possuem média semelhante, entre os que possuem ao menos 1 milhão de vínculos do tipo. São 744 mil planos individuais ou familiares no Paraná e 1,6 milhão de coletivos empresariais, o que ajuda a puxar para cima o índice nacional de 20% para contratos sem ligação com empresas.

Mesmo sem uma pesquisa específica sobre a questão, o superintendente do IESS diz que é comum que regiões onde as operadoras possuem hospitais próprios tenham mais planos individuais. "Metade dos custos são de internação e, se uma operadora é dona de um hospital e faz um bom controle de custos, tem maior facilidade de oferecer planos do tipo", diz Carneiro. Outro fator é a renda média maior do que a nacional, completa.

Para o superintendente administrativo e financeiro da Unimed Londrina, Ricardo Pinelli, houve reflexo do desemprego e da perda de renda familiar no Estado, mas com diferenças para o País. "Temos uma participação importante no mercado da região e a venda de planos coletivos cresceu um pouco menos de 1% em 2016", cita.

O motivo apresentado por Pinelli é que mais empresas passaram a oferecer o benefício aos funcionários no período, mesmo com a alta do desemprego. "Os contratos foram fechados em 2016, mas a negociação é longa e são negócios prospectados em bastante tempo", completa.
No total, porém, a operadora sentiu queda de 1,5%. Isso porque 52% dos benefícios da Unimed na região são individuais ou familiares. "Credito isso ao porte das empresas locais, que não são grandes, além do grande número de empresas de comércio e de serviços, que têm uma tendência menor de oferecer planos de saúde", diz o superintendente da Unimed.