Defensora de animais abandonados e voluntária neste setor, a vereadora Daniele Ziober (PPS) levou à pauta da Câmara, por meio de três projetos de lei, bandeiras que defende desde a adolescência, o resgate de animais doentes e feridos. Ela protocolou projetos para alterar as regras da castração (incluindo também a possibilidade de castração química e permitindo a gratuidade apenas para os donos de animais classificados como pessoas carentes); a implantação de um serviço de urgência para atender animais doentes ou machucados; e a criação do serviço Castra Móvel.

Na justificativa do projeto do SamuVet, Daniele afirma que "esta é uma problemática antiga e crescente na cidade, onde a população não tem a quem recorrer, encontrando inércia do poder público diante de tais ocorrências" e que sua proposta se trata "de verdadeira questão de saúde pública, além de visar o bem estar animal, visto que doenças em animais são sinônimas de risco á saúde humana..."

Zalmora e Cenci concordam com a vereadora, lembrando que a discussão se arrasta na cidade, que até hoje não tem um centro de tratamento de zoonoses. "O serviço de atendimento de urgência de animais é uma necessidade e já existe em outras cidades. Achei ideia muito boa porque as pessoas não sabem o que fazer quando encontram um animal ferido, sofrendo. Muitas vezes, arcam com o custo", diz o primeiro. Muitas pessoas, sem recursos, deixam os animais morrerem.

Entretanto, Zalmora aponta que as medidas são pontuais e não estabelecem uma política pública relativa aos animais abandonados, que passa, também, pela questão de "fábricas clandestina de filhotes". "A política pública é do Executivo, mas a Câmara pode e deve abrir esta discussão." Hoje, defende ele, a cidade precisa, mais do que um centro de zoonoses, um centro multidisciplinar e interinstitucional para atender toda a demanda relativa aos animais.

PARCÃO
Os dois especialistas reagiram com a mesma expressão ao tratar do ParCão, projeto de lei de iniciativa do vereador Amauri Cardoso (PSDB), que cria áreas exclusivas para o passeio de cães. "É um exagero. Trata-se um projeto com apelo populista, inviável, representando um custo desnecessário", afirma Zalmora. "Passa longe da questão dos animais abandonados e da falta de política de governo para esta área. É um exagero", conclui Cenci.

Na justificativa, o vereador explica que o Parcão é um "recanto de convivência animal, que consiste em um "cercado" com equipamentos e instalações para os cães soltos, porém, acompanhados de seus donos, se exercitarem e se divertirem". Os cercados seriam em áreas de lazer já existentes.

Somente podem entrar no parque animais saudáveis, vacinados e dóceis, com coleira de identificação com o nome do proprietário. Cadelas no cio não podem entrar no parque. O vereador afirma que as pessoas já reúnem seus cães em locais cercados. Um exemplo é a Praça Adolfo Barbosa Góis, local inadequado porque é destinado ao aeromodelismo.

Segundo ele, parques para cães são uma "tendência mundial" e, no Brasil, já existem em Blumenau, Recife, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. "O espaço agrega qualidade de vida não só para os cães, mas para os donos. Enquanto o animal se socializa, o proprietário tem a mesma oportunidade." Quanto aos custos, o tucano diz que a ideia é executar a projeto em parceria com a iniciativa privada, sem custos ao município.