Pediatra orienta que cabe aos pais confiscar o celular da criança na hora de dormir
Pediatra orienta que cabe aos pais confiscar o celular da criança na hora de dormir | Foto: Shutterstock



Os problemas comportamentais provocados pelo uso excessivo de tecnologias são considerados "mais preocupantes" pela pediatra e psicoterapeuta Betinha Cordeiro Fernandes, membro do comitê de adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). "Crianças e adolescentes que não conseguem atender às normas da casa sobre a hora de comer e dormir chegam a esconder o celular no travesseiro para usar de madrugada", conta, orientando que, nestes casos, cabe aos pais confiscar o celular durante a noite. "Muitos deixam de prestar atenção à aula porque estão com o aparelho sob a carteira durante a escola", complementa.
Ela alerta que o hábito de fazer duas coisas ao mesmo tempo, como zapear durante as aulas ou fazer tarefa ouvindo música, cria o péssimo hábito de não focar em uma atividade por vez. "Os sintomas acabam associados a Transtorno de Deficit de Atenção, mas é uma questão de hábito", define. Outra consequência importante é a irritabilidade. "Quando não come bem ou dorme bem, o corpo ressente."
"Adolescentes e crianças que passam muito tempo no computador podem estar em depressão ou até mesmo em dependência à tecnologia de informática, quando a vida virtual passa a ser o centro da vida da pessoa", preocupa-se. Nestes casos, atividades como se relacionar com pessoas da mesma idade, ir à escola, passar tempo ao ar livre e ler livros tornam-se secundárias. "Os casos gritantes procuram ajuda, mas muitos outros passam despercebidos, sem qualquer movimento para ajudar a criança ou adolescente a recuperar a vida saudável", acredita.
A SBP também alerta sobre o uso precoce de tecnologias da informática, muitas vezes por bebês com menos de 2 anos. "As telas são usadas como a babá dos tempos atuais. As brincadeiras de crianças são substituídas por atitudes passivas, sem interação com outras crianças", destaca. Nesta situação, não desenvolvem atitude crítica e assimilam as informações como se fossem naturais. "Crianças pequenas devem brincar com coisas que desenvolvem a motricidade e a capacidade de interagir, para não ficarem isoladas", recomenda. (C.A.)