Imagem ilustrativa da imagem APOSENTADORIA - Sem preocupação com o futuro
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Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que quatro em cada dez jovens entrevistados (38,7%) não se preparam para a aposentadoria. O percentual aumenta para 43,6% para os pertencentes às classes C,D e E e para 48,2% entre as mulheres. Foram ouvidos 601 consumidores nas 27 capitais.

O orçamento apertado é o motivo para 36,2% das pessoas que não guardam dinheiro. Para 21,7% ainda é muito cedo para pensar no assunto e 21,3% não sabem como investir. Para o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, a postura que os mais novos assumem em relação a essa fase da vida pode ser problemática. "Muitos jovens ainda demonstram pouco conhecimento em relação à melhor maneira de se preparar para a aposentadoria, porém, não há desculpa para a falta ou dificuldade de acesso à informação. Existem diversos sites e blogs especializados, com boas dicas e guias ensinando a poupar e investir para a aposentadoria", afirmou Vignoli.

A pesquisa mostra que dos 61,3% dos jovens que garantem preparar-se para a aposentadoria (desconsiderando aqueles que têm o INSS pago pela empresa), 70,5% estão na faixa etária de 25 a 30 anos e pertencem as classes A e B (78,6%). A poupança é o tipo de investimento escolhido por 33,3% dos entrevistados, seguido pelo pagamento do INSS de forma autônoma (19,3%). Ser uma pessoa precavida (26,1%), conhecer exemplo próximo de pessoas que não se prepararam e tiveram problemas financeiros (20,2%) e a orientação recebida de amigos e familiares sobre a importância de se preparar (19,0%) são os principais motivos apontados pelos jovens para aplicar o dinheiro pensando no futuro.

A advogada Amanda Zambaldi Gleria, de 29 anos, faz parte do universo dos jovens que contribuem para a Previdência Social de forma autônoma. Mas no caso dela é mais por uma preocupação a curto e médio prazo do que com a aposentadoria. É para estar amparada em caso de uma doença ou precisar do auxílio-maternidade.

O assunto aposentadoria privada já passou pela cabeça da advogada, mas ela não foi atrás de mais informações sobre o tema. Amanda chegou a cogitar a contratação do plano de previdência privada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas considerou muito caro. Segundo ela, guardar dinheiro para o futuro é muito complicado. "A gente estuda até os 25 anos e investir em uma vida futura demora. Pensar nisso, às vezes, dá um pouco de pânico", comenta.

Ela recolhe o valor mínimo do INSS, mas a intenção é aumentar a contribuição e ter uma rende maior no futuro. Amanda não foca na Previdência Social como garantia de renda futura. Ela pretende investir em uma previdência privada. "Ainda não coloquei na ponta do lápis as vantagens. Preciso sentar com pessoas que entendam sobre o assunto e falem sem propagandas. Acho que contar com o Estado é muito mais arriscado do que contar com uma aposentadoria privada", avalia.

SEM SUPRESA
"O resultado da pesquisa não é surpresa, mas não é o ideal. A questão do jovem é que ele ainda tem 30 anos para começar a receber os benefícios, está no início da carreira e não tem muito dinheiro para investir. Para ele, ainda é difícil pensar em aposentadoria", destaca Marcela Kawauti, economista chefe do SPC Brasil.

No entanto, ignorar o assunto pode impactar o futuro financeiro, com a redução do custo de vida na aposentadoria. "Os jovens precisam ser envolvidos nessa discussão desde cedo e devem entender que suas ações em relação ao dinheiro podem trazer benefícios duradouros ou gerar problemas complexos, como o endividamento e a restrição ao crédito", aconselha Vignoli.

De acordo com a pesquisa, os entrevistados estão cientes dos riscos de não ter uma educação financeira vislumbrando o futuro. Entre as consequências mais citadas estão não ter uma renda fixa na terceira idade (31,2%), padrão de vida inferior ao atual (26,4%) e não poder parar de trabalhar (16,8%).

Para escapar desses cenários, a sugestão da economista é investir em aplicações financeiras, seja um plano de previdência privada, poupança ou outro tipo de investimento. A bola da vez tem sido o tesouro direto. "Ele está interessante, mas é preciso ficar de olho nas taxas, para quando o tesouro direto estiver caindo mudar de investimento. No caso da previdência complementar, é preciso avaliar a taxa de administração e de carregamento", explica.