Congestionamentos, dificuldade para estacionar, estresse, poluição. Diante de cada nova reportagem sobre o trânsito e suas mazelas, as autoridades, os especialistas e a própria mídia apontam que reduzir o volume de veículos motorizados individuais nas ruas é um dos caminhos para melhorar a mobilidade urbana e garantir à população o direito de sair ou chegar em casa com mais rapidez e tranquilidade. Mas, deixar o carro ou a moto na garagem é realmente viável?
Para responder a essa pergunta, a FOLHA ouviu especialistas e personagens que não abrem mão da "magrela", mesmo reconhecendo que a opção implica em riscos reais, agravados pela omissão do poder público nos esforços de conciliar o tráfego de veículos a motor com transportes alternativos. A reportagem também pedalou e se aventurou nas ruas centrais de Londrina para sentir na pele o desafio. A conclusão é que se deslocar de bicicleta nas ruas movimentadas e de motoristas pouco compreensivos ainda é viável, com a ressalva de que a tarefa poderia ser bem mais simples com pequenas intervenções, de custo baixo para o erário.
Em uma cidade de porte médio como Londrina, grande parte dos deslocamentos ocorre em curtas distâncias, que poderiam ser vencidas sem o uso de veículos motorizados. Cabe ao poder público, porém, oferecer condições para que isso seja feito em segurança. Alguns municípios, como Brasília e Curitiba, resolveram investir na construção de ciclovias e dentro de alguns anos devem colher os frutos que todos nós gostaríamos de experimentar: cidades mais limpas, de trânsito menos caótico e de população menos estressada.
Londrina conta com projeto de implantação de rede cicloviária que contempla todas as regiões da cidade, somando 100 quilômetros de vias próprias para duas rodas. Há anos, porém, a população aguarda que saia do papel. Por enquanto, para os adeptos das bikes como veículos que extrapolam o lazer, o jeito é enfrentar a falta de espaço nas ruas, a impaciência de alguns motoristas e o desrespeito às leis que regem o trânsito.