Levantamento feito pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Paraná aponta que o Paraná tem a 5ª maior população carcerária do Brasil. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco são os primeiros em número de presos. O estudo, apresentado em junho do ano passado, mostra que 42% dos presos do Paraná estão matriculados em programas de educação, 24% trabalham e mais de 2 mil estavam presos há mais de 180 dias sem receber sentenças.

O grupo foi criado por meio de parceria entre o Tribunal de Justiça do Paraná e o Conselho Nacional de Justiça. O Paraná tem mais de 19 mil detentos nas 33 unidades do sistema penitenciário, além de 9 mil presos em delegacias, que deveriam abrigar apenas provisoriamente pouco mais de 4 mil.

A esposa de um detento reclama da falta de assistência médica dentro das penitenciárias. "Ele me falava o que ele tinha [sintomas] na visita e eu só conseguia atendimento depois de ligar muito. Um dia, meu marido passou mal mesmo e só aí viram que era tuberculose e derrame pulmonar. Ele ficou mais de 20 dias no hospital. Ele levou muitos socos e chutes na prisão", relata.

"Meu marido caiu por bobeira porque queria dar o melhor para a gente. Hoje ele fala realmente que não quer mais essa vida. Dói no peito da gente. Quando tem uma rebelião dessas passa muita coisa na cabeça da gente. Judiação dessas famílias de Manaus. Para que fazer isso? São todos seres humanos", completa.

Para o coordenador estadual do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Carlos Enrique Santana, tanto os agentes penitenciários quanto os detentos são vítimas da falência do sistema prisional. "O cidadão fica privado da liberdade, de conviver em sociedade, mas não deve ser privado de alimentação, saúde e de uma vida digna com as condições mínimas de higiene e saúde para a recuperação", diz.(V.C.)