Ao lado de sua mãe e de outras quatro pessoas, a vereadora de Ponta Grossa Ana Maria de Holleben (PT) foi indiciada por ter forjado o próprio sequestro no primeiro dia deste ano, data de sua posse. Segundo o delegado Josimar Antônio da Silva, titular do inquérito policial, a conclusão é que os crimes tiveram ''motivação pessoal e política com objetivo de não votar na escolha do novo presidente da Câmara de Ponta Grossa''. ''Não é da esfera policial saber porque ela não queria votar, mas não há dúvidas de que o motivo foi fugir da votação daquele dia'', concluiu o delegado.
Ana Maria, sua mãe, Branca Holleben, e Susicléia Valverde da Silva (esposa de um cabo eleitoral da vereadora, Indalécio Valverde da Silva) foram indiciadas por formação de quadrilha e comunicação falsa de crime. Indalécio e outro assessor político, Reginaldo Nascimento, foram indiciados também por fraude processual. Adauto Valverde da Silva, irmão de Indalécio, vai responder apenas por favorecimento pessoal.
O delegado explicou que a existência da quadrilha, embora articulada rapidamente - logo após a posse -, é inegável, diante da clara divisão de tarefas entre os indiciados. ''Cada qual desempenhou um papel nesta encenação.''
Segundo ele, o papel da mãe de Ana Maria foi confirmar, em depoimento à polícia, que a vereadora havia sido sequestrada, quando, na verdade, sabia o endereço onde a filha se encontrava.
A assessoria da vereadora informou que ela estava em Curitiba e não falaria sobre o indiciamento. Seu advogado não foi localizado ontem. Em discurso na Câmara em 18 de fevereiro, a petista negou ter praticado qualquer crime. Alegou que jamais informou ter sido sequestrada, que passou mal logo após a cerimônia de posse - ela toma medicamentos controlados - e saiu com o motorista (Indalécio) para ''tomar ar''. Depois disso, declarou a parlamentar, não se recorda de mais nada, inclusive do local onde passou a noite em que permaneceu ''desaparecida'' - do dia 1º para 2 de janeiro.