O vereador Luiz José de Brito (PEN), que é medico radiologista, teria pedido vantagens a empresário para ajudá-lo na pré-campanha de deputado federal
O vereador Luiz José de Brito (PEN), que é medico radiologista, teria pedido vantagens a empresário para ajudá-lo na pré-campanha de deputado federal | Foto: Divulgação/CMFI



Seis pessoas foram presas pela PF (Polícia Federal) em Foz do Iguaçu (Oeste) nessa terça-feira (16) em consequência da Operação Renitência, oitava fase da Pecúlio. As investigações em conjunto com o MPF (Ministério Público Federal) apontam a existência de esquema de corrupção com direcionamento de licitações na área da saúde. Entre os presos está o vereador Luiz José de Brito (PEN), Dr. Brito, que também é medico radiologista na cidade. Foram três prisões preventivas e três prisões temporárias, e doze ordens de busca e apreensão, todos expedidos pela 3ª Vara Federal de Foz do Iguaçu.

De acordo com o procurador de Justiça, Juliano Gasperin, as investigações começaram em abril do ano passado por meio de denúncia feita por um empresário que já havia firmado acordo de colaboração premiada com o MPF no âmbito da Operação Pecúlio. Por meio de uma ação controlada, com autorização judicial, o grupo começou a ser monitorado por gravações de conversas telefônicas. "O empresário foi procurado pelo vereador com a proposta para facilitar a contratação dos equipamentos abaixo do valor de mercado para o Hospital Municipal Padre Germano Lauck. O vereador pediu também vantagens para ajudá-lo na pré-campanha para deputado federal."

Também foram presos José Reis, o Cazuza - que se identificava como assessor de imprensa do vereador -, o chefe do departamento de radiologia do hospital, a contadora e uma funcionária da clínica de Brito e uma servidora da Fundação de Saúde que ajudava no direcionamento das licitações.

No curso da investigação, foram detectados indícios de que laudos de exames de diagnóstico, em especial produzidos no hospital, seriam elaborados por pessoa não habilitada, gerando risco potencial à saúde de pacientes. "A gente constatou indícios que uma das funcionárias dele é que elaborava os laudos, aparentemente ela redigia e ele só assinava", contou Gasperin. A clínica de Brito é credenciada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), por meio do município do Foz do Iguaçu, e prestava serviço para o hospital.

PERSISTÊNCIA
A operação recebeu o nome Renitência em razão da obstinação de alguns agentes públicos em se valerem do cargo exercido para cometer ilícitos penais, ainda mais depois das ações repressivas do descobertas nas fases anteriores da Pecúlio. "O próprio colaborador quando procurou o MPF ficou indignado porque a condição dele já era pública, ele já havia sido preso e mesmo assim foi procurado pelo grupo para ajudá-los no esquema de desvio. Infelizmente, os fatos se confirmaram. Isso mostra que essas pessoas creem na impunidade, não tem outra explicação."

De acordo com o procurador, após a finalização do inquérito, no prazo de 30 dias o MPF deve oferecer denuncia pelos crimes de fraude de licitação, organização criminosa, corrupção e outros crimes. O advogado de Brito e Reis não retornou solicitação de entrevista solicitada pela reportagem da FOLHA.

HISTÓRICO
Investigações anteriores da Operação Pecúlio revelaram que um esquema dos plantões médicos fictícios envolveram uma empresa credenciada junto à Prefeitura de Foz no período entre 2014 e 2015. Valores pagos ao município eram utilizados para complementar a remuneração de agentes públicos. Em julho de 2016, o então prefeito de Foz, Reni Pereira (PSB), foi preso e afastado do cargo por envolvimento em esquema de corrupção. O MPF chegou a oferecer denúncia contra 97 pessoas por corrupção. Entre os crimes apurados estaria o pagamento de um "mensalinho" aos vereadores em troca de apoio político na votação de projetos do Executivo. Os valores variavam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais e foram pagos a pelo menos 12 vereadores. Pereira foi apontado como chefe de organização criminosa, com a participação de vereadores e ex-vereadores, ex-secretários municipais e empresários.