"Aquele indivíduo que cometeu algum delito e tem uma restrição de não comparecer a estádios, tem mandado de prisão em aberto vai ser imediatamente identificado", diz o secretário de Segurança Pública
"Aquele indivíduo que cometeu algum delito e tem uma restrição de não comparecer a estádios, tem mandado de prisão em aberto vai ser imediatamente identificado", diz o secretário de Segurança Pública | Foto: Divulgação/TJ-PR


Curitiba – Os clubes de futebol de Curitiba devem implantar o cadastramento biométrico dos torcedores a partir do segundo turno do Campeonato Brasileiro. O lançamento do sistema aconteceu nessa terça-feira (18), na Sala de Atos do Tribunal de Justiça (TJ), na capital paranaense, e contou também com a participação de representantes da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), do Instituto de Identificação do Paraná (IIPR), do Detran-PR e da Celepar, empresa pública de tecnologia. O presidente do Atlético-PR, Luiz Sallim Emed, foi o primeiro a assinar o convênio, mas a expectativa é de que Coritiba e Paraná Clube, este último atualmente na Série B, também façam parte do projeto.

O objetivo é aumentar a segurança em eventos esportivos e outros espetáculos com grande público. Por enquanto, o uso não será obrigatório, e sim "por adesão" dos mandantes da partidas, que arcarão com o custo da implantação. "Na prática, o detentor do ingresso vai chegar, colocar a sua digital na catraca e, num primeiro momento, é verificado se aquela pessoa corresponde ao ingresso em questão. Já num segundo momento, é verificado junto a um web-service disponibilizado pela Celepar, que acessa os dados do Instituto de Identificação e do Detran, se existe algum mandado em aberto ou a proibição dele [usuário] frequentar os eventos esportivos", contou o juiz auxiliar da 2ª vice-presidência do Tribunal, Ricardo Ferreira Jentzsch.

De acordo com ele, a identificação vai possibilitar um controle maior sobre restrições judiciais, como mandados de prisão expedidos e ordens de restrição decretadas. De posse desses dados, os promotores dos jogos poderão chamar os responsáveis [caso da Polícia Militar] para coibir eventuais transgressões. Sallim Emed frisou que o clube começou a utilizar o sistema por conta da Copa do Mundo de 2014, quando a Arena da Baixada sediou quatro jogos, e que pretende expandi-lo em breve. "Foi essa parceria tripartite [município, Estado e clube] que permitiu ao Atlético sair na frente. Hoje, no setor das torcidas organizadas, a biometria já existe. O que vamos fazer é, num curto espaço de tempo, acredito que a partir do dia 15 [de agosto], oferecer as condições para estender."

Emed afirmou ainda que pensa em soluções para facilitar o acesso dos não sócios e dos visitantes. "Os torcedores dos clubes de fora do Paraná que residem em Curitiba ou próximo poderão se cadastrar um pouco antes. Outra alternativa é que esse pessoal, que vem geralmente de ônibus, seja identificado com o RG (…) Agora, aquele torcedor que chegar sem nenhum cadastro terá que ser cadastrado, tirar uma fotografia e, no próximo jogo, já poderá entrar automaticamente." O presidente não informou quanto o clube gastará com o projeto. "Não é um custo; é um investimento. E eu diria que é pouco em relação ao beneficio, de ter as famílias de volta aos estádios", despistou.

Para o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, a questão vai além do futebol. "Aquele indivíduo que cometeu algum delito e tem uma restrição de não comparecer a estádios, tem mandado de prisão em aberto ou qualquer dívida com a Justiça vai ser imediatamente identificado, permitindo que a polícia tome então a medida mais adequada. Isso vai trazer mais segurança para dentro do estádio e para fora também, porque, como no caso do torcedor corintiano agredido [por torcedores do Coritiba nos arredores do estádio Couto Pereira, em junho], foi um banco de dados mantido pela polícia que permitiu fazer comparação das imagens naquele momento."

Segundo Mesquita, apenas essa primeira fase será mais focada no futebol. "Qualquer entidade privada que promove um evento já tem um gasto com segurança. O que estamos propiciando é oferecer os bancos de dados da polícia e do Poder Judiciário para ter uma segurança mais efetiva e mais focada, com melhor resultado. Tenho certeza que o início é com as entidades do esporte, mas as demais que promovem shows e eventos culturais também terão interesse." Quanto a outros Estados, ele lembrou que o banco de dados é do IFPR e do Detran. "A rapidez será com cidadãos paranaenses, mas o projeto prevê a possibilidade de ampliação. Problemas vão acontecer e o aperfeiçoamento do modelo é que vai trazer mais eficácia."