Termina interrogatório de Lula em Curitiba

Depois de mais de duas horas, o ex-presidente Lula terminou de ser interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro. Segundo os apoiadores do petista, a expectativa é que ele faça um pronunciamento na Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba (leia mais abaixo).

Lula chegou à sede da Justiça Federal do Paraná (JFPR), no bairro Ahú, em Curitiba, por volta das 13h45, cercado de militantes do PT, de centrais sindicais e do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST). Ele prestou nesta quarta-feira (13) seu segundo depoimento ao juiz federal Sergio Moro, no âmbito da Lava Jato. Lula desceu do carro e caminhou rapidamente entre os populares, perto do isolamento imposto pela Polícia Militar (PM), acenou, mas não conseguiu discursar. O interrogatório começou às 14h15, com 15 minutos de atraso, e terminou pouco mais de duas horas depois.

Apoiadores de Lula também acompanharam chegada de ex-presidente ao prédio da Justiça Federal | Foto: Mariana Franco Ramos/Grupo Folha

"Foi uma chegada de novo nos braços do povo, com a militância nossa, o pessoal vindo de diversos locais do Paraná e do Brasil. Tenho certeza que o presidente vai se sair muito bem, como já se saiu em outros depoimentos. A única dúvida que a gente tem é se o juiz vai cumprir e observar o devido processo legal e o Código Penal Brasileiro, o que não aconteceu da outra vez, porque a sentença dele não tem base jurídica. E isso não sou eu que estou dizendo. São 122 juristas brasileiros de renome internacional", disse a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

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Grupos de apoio à Lava Jato, como o Vem pra Rua, espalharam outdoors pela capital paranaense | Foto: Mariana Franco Ramos/Grupo Folha

Sem poder acompanhar a oitiva, os militantes seguiram em caminhada até a Praça Generoso Marques, no centro da capital paranaense, onde deve acontecer um ato, encabeçado pelas frentes Brasil Popular (FBP) e Resistência Democrática (FRD) e pelo Fórum de Lutas 29 de abril. Vestidos de camisetas vermelhas, carregavam bandeiras, cartazes e faixas. Estão previstas apresentações culturais, uma "aula pública" com o jurista Eugênio Aragão, professor da Universidade de Brasília (UnB), ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) e ex-ministro da Justiça durante o governo de Dilma Rousseff (PT). Lula é esperado no final da tarde.

Críticos ao petista também programaram manifestações para "recepcioná-lo". O Vem Pra Rua, ao lado de outros grupos pró-Moro, se concentram em frente ao Museu Oscar Niemeyer, no Centro Cívico. Em menor número, eles fizeram uma espécie de varal, contendo camisetas com o rosto do juiz, um boneco gigante de Moro e barraquinhas, onde colocaram vários "pixulecos". Usaram megafones e buzinavam para os veículos que passavam. Em alguns locais da cidade também foram espalhados outdoors de "boas vindas" a Lula, com o ex-presidente vestido de presidiário e os dizeres "A República de Curitiba lhe espera de grades abertas".

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que à meia-noite de quarta Lula já estava na cidade. Ele fez a viagem, desde São Paulo, de carro de passeio e dispensou a escolta policial que foi oferecida. Estaria acompanhado de apenas dois assessores. A previsão de retorno é amanhã, também via rodoviária.

Ouvido em maio na ação do triplex do Guarujá, em que foi condenado a 9 anos e meio de prisão, Lula agora presta depoimento no processo em que é acusado de ter sido beneficiado pela empreiteira Odebrecht com a compra de um terreno de R$ 12,4 milhões destinado a ser a nova sede do Instituto Lula – mudança que acabou não saindo do papel – e mais um apartamento de R$ 504 mil em São Bernardo do Campo (SP).

Após o fim do depoimento, manifestantes pró-Lula realizaram um ato a favor do ex-presidente. Militantes seguiram concentrados na praça Generoso Marques à espera de Lula, que chegou ao local por volta das 18h30. Os senadores petistas Lindbegh Faria, Humberto Costa, Fátima Bezerra e Gleisi Hoffmann e o peemedebista Roberto Requião participaram do ato. "No Congresso Nacional não vejo esperanças. A mobilização é o caminho", discursou Requião. Enquanto ele falava, alguns militantes pediram que ele deixasse o PMDB.

Mais cedo, manifestantes pró-Moro homenagearam o juiz, que virou o "Super-Homem".

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