Brasília - A defesa de Michel Temer pedirá ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a nova denúncia apresentada contra o presidente não seja enviada à Câmara enquanto não for concluído um julgamento que pode afetar a validade das provas produzidas com a delação da JBS.

O advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que representa Temer, disse que vai apresentar uma petição ao tribunal para suspender esse passo do processo, apenas "por cautela".

Ele diz acreditar que o Supremo não dará prosseguimento à denúncia, que precisa ser aprovada no plenário da Câmara, enquanto a questão não for analisada pelos ministros do tribunal.

"Essa denúncia está calcada em provas que estão sendo contestadas, e são alvos de procedimentos abertos pelo próprio procurador-geral e pela presidente do Supremo", afirmou Mariz.

Na próxima quarta-feira (20), o STF deve retomar o julgamento de uma questão de ordem levada ao plenário pelo ministro Edson Fachin, relator do caso, sobre a possibilidade de suspender novas medidas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, até que se decida sobre a validade das provas da delação da JBS.
A defesa de Temer alega que as provas entregues pelos delatores da JBS não devem ser consideradas pela Justiça. Os advogados afirmam que a colaboração de executivos da empresa foi direcionada por integrantes da PGR.

A sessão que discutia esse caso foi encerrada na última quarta (13) antes que os ministros votassem. Como não houve decisão, não havia impedimentos para que Janot apresentasse uma nova denúncia contra Temer -desta vez por organização criminosa e obstrução de Justiça.

Para que Temer vire réu por esses crimes, a Câmara deve autorizar a abertura de uma ação penal contra o presidente no Supremo. Para isso, são necessários os votos de ao menos 342 deputados. No início de agosto, os deputados rejeitaram o prosseguimento de uma denúncia por corrupção contra Temer.