Os deputados estaduais Luiz Claudio Romanelli (PMDB) e Luiz Eduardo Cheida (PMDB), que estavam licenciados para ocupar as Secretarias de Estado do Trabalho e do Meio Ambiente, respectivamente, reassumiram nesta quarta-feira (19) suas cadeiras na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná. Com isso, os suplentes da coligação, Gilberto Martin (PMDB) e Luiz Carlos Martins (PSD), tiveram de deixar a Casa.

Apesar de aguardada para o fim do mês, já que tanto Romanelli como Cheida devem disputar a reeleição, devendo se desincompatibilizar dos cargos na administração estadual até seis meses antes do pleito, a troca surpreendeu muitos parlamentares. Sem ter sido comunicado até minutos antes da sessão, Martins se disse traído pelo governador Beto Richa (PSDB), já que votaria contra o polêmico projeto de lei 115/2014, que aumenta o capital social da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) de R$ 2,6 bilhões para R$ 4 bilhões. "Pensei que a gente estava vivendo um ambiente democrático. O governador não precisava fazer isso comigo. Tenho uma história aqui de vários anos. Já ocupei grandes cargos nessa Casa e sempre procurei, de forma transparente, agir para não macular essa Casa e os meus companheiros", lamentou.

O peemedebista afirmou ainda que acredita que a mudança aconteceu pelo fato de que ele sempre "teve lado". Segundo o agora ex-parlamentar, a estratégia do governo pode inclusive refletir no seu posicionamento durante a campanha. "Serei uma arauto do despertar de um novo tempo no Paraná. Não posso me calar. O povo vai ficar sabendo", discursou.

O líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), admitiu que decisão foi tomada para que a base aliada tenha "tranquilidade" durante a votação. A matéria será apreciada na sessão de hoje, em comissão geral, isto é, com o chamado "tratoraço". A manobra regimental permite que os pareceres das comissões temáticas da AL sejam dados em plenário, sem análise prévia. "Como líder, tenho de ter a segurança absoluta. É um assunto de interesse do Estado, que com certeza trará muitos resultado à população paranaense. Portanto, reconheço a indignação do deputado, mas é o processo natural do jogo do parlamento", argumentou. Traiano explicou, contudo, que a estratégia não significa que Cheida e Romanelli já tenham deixado as pastas que comandam. "A decisão é dos partidos e dos parlamentares. Eles permanecerão secretários até a data limite".

Já o presidente da AL, Valdir Rossoni (PSDB), alegou que a troca foi motivada pelos próprios titulares, não cabendo a ele questioná-la. "Regimentalmente, não posso negar a posse. Não quero discutir com os deputados. Cabe ao presidente acatar o regimento".

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Palácio Iguaçu informou que o governador está em viagem pelo interior e que, até o início da tarde de hoje, ainda não havia qualquer novidade em relação a mudanças no secretariado. Ainda conforme o órgão, caso Luiz Claudio Romanelli e Luiz Eduardo Cheida deixem seus postos, quem assume interinamente são os diretores-gerais das pastas.

(Matéria tualizada às 15h58)