O contador José Joaquim Ribeiro (sem partido), 68 anos, apresentou ontem de manhã sua carta de renúncia ao cargo de prefeito de Londrina no qual permaneceu apenas 50 dias em razão de seu envolvimento com a quadrilha que desviou dinheiro da prefeitura por meio da compra de uniformes escolares, segundo denúncia do Ministério Público. O documento foi apresentado por seu advogado, Paulo Nolasco, ao presidente da Câmara Municipal, pastor Gerson Araújo (PSDB), que assume hoje a prefeitura para completar o mandato.
Em poucas linhas, Ribeiro - que recusou-se a sair do cargo mesmo com o pedido de entidades civis, de movimentos populares e da Câmara após a confissão de que recebeu propina - diz que somente com a renúncia ''poderei me incumbir adequadamente de provar minha total inocência e desvinculação de quaisquer atos ilícitos eventualmente ocorridos na administração de Londrina, tanto agora quanto em períodos passados''.
O ex-prefeito estava se referindo à denúncia que resultou em sua prisão: ele confessou ao Ministério Público e admitiu à imprensa que pegou R$ 150 mil de propina das empresas que forneceram uniformes. Segundo o MP, Ribeiro, ex-secretários municipais e empresários integravam uma quadrilha chefiada pelo ex-prefeito Barbosa Neto. ''Sou um homem honesto e humilde que estive no lugar errado na hora errada'', completa.
O advogado Paulo Nolasco entende que a renúncia seria um dos requisitos para obter a soltura de Ribeiro. ''Só existe este decreto de prisão porque ele estava num cargo público e teoricamente poderia favorecer alguma testemunha, prejudicando o processo'', minimizou, falando que solicitaria a revogação da prisão à Justiça. ''A renúncia é um decisão própria do Ribeiro a despeito de todo o interesse dele de manter a cidade equilibrada, mas (o cargo) estava prejudicando sua vida pessoal e sua saúde.''
Um dos argumentos citados pelo desembargador José Maurício Pinto de Almeida, da 2 Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná para decretar a prisão de Ribeiro foi o fato de ter nomeado o filho da ex-secretária de Educação Karin Sabec - testemunha-chave no processo - para o Conselho Fiscal da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). ''A indicação foi de um sócio minoritário da CMTU, o senhor Jair Gravena. O prefeito apenas cumpriu seu papel legal de fazer a nomeação'', afirmou Nolaco.
Quanto ao fato de Ribeiro ter sido preso no litoral enquanto estava de licença médica de 10 dias, o advogado disse que como se trata de uma ''doença psíquica'' o ex-prefeito ''não tem a obrigação de ficar retido em um hospital''.