Comissão de Finanças da Câmara, presidida pelo vereador Felipe Prochet, coordenou audiência pública de prestação de contas do 3º quadrimestre de 2016 nesta manhã. Exigência da Lei de Responsabilidade
Comissão de Finanças da Câmara, presidida pelo vereador Felipe Prochet, coordenou audiência pública de prestação de contas do 3º quadrimestre de 2016 nesta manhã. Exigência da Lei de Responsabilidade | Foto: Devanir Parra/CML


A Prefeitura de Londrina encerrou o ano de 2016 com saldo financeiro positivo de R$ 5 milhões. Em audiência pública de prestação de contas na Câmara de Vereadores, nessa quarta-feira (22), o controlador-geral do município, João Carlos Barbosa Perez, e o secretário de Fazenda e de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Edson Antonio de Souza, comandaram a apresentação dos números referentes à execução orçamentária do último quadrimestre do ano passado.

Com público composto praticamente por servidores e vários ex-secretários municipais da gestão do ex-prefeito Alexandre Kireeff (PSD), Perez e Souza ressaltaram que o fechamento com superavit foi possível apenas porque a administração contou com o desempenho de receitas extras, ou seja, além das previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA). Dentre os principais impulsos que beneficiaram o caixa, eles elencaram o Programa de Regularização Fiscal (Profis), que rendeu R$ 26 milhões; a repatriação de recursos que estavam no exterior, uma iniciativa da União que reverteu ao município R$ 8,8 milhões; desvinculação de receitas de Estados e municípios (DREM), emenda aprovada no Congresso em 2016, que garantiu R$ 20 milhões; além de estornos de recursos empenhados e não pagos, R$ 15,7 milhões. Ao todo, foram canalizados para os cofres municipais R$ 71 milhões, que evitaram fechamento com deficit.

Imagem ilustrativa da imagem Prefeitura de Londrina fecha 2016 com saldo positivo de R$ 5 mi



De acordo com Perez, que traçou um histórico das execuções orçamentárias dos últimos sete anos, o município somente consegue fechar com superavit amparado por recursos extraordinários, o que ele classificou como "deficit crônico" da Prefeitura de Londrina. "Não temos sustentabilidade econômica", afirmou em entrevista coletiva. Ele se referia às receitas livres próprias, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), que registram arrecadação inferior à projeção.

O controlador defendeu maior equilíbrio entre receitas e despesas. "Não temos como cortar mais despesas, então temos que debater algumas situações, como a revisão da Planta Genérica de Valores (PGV) do IPTU e a concessão do passe livre para estudantes que custará R$ 32 milhões." Tais mudanças devem ser aprovadas pelo Legislativo e valeriam somente para 2018.

A partir das frustrações de receitas registradas nos exercícios anteriores, Souza apresentou uma atualização do orçamento para 2017 – que é de R$ 1,77 bilhão - e projetou deficit financeiro de R$ 120 milhões até o final do ano. A última audiência pública para a aprovação deste orçamento, em dezembro de 2016, foi marcada por tensão entre os membros da gestão Kireeff e os assessores do prefeito Marcelo Belinati (PP), às vésperas de assumir o cargo. Segundo Souza, para reverter o cenário, a administração iniciou o contingenciamento de custeio e de investimentos. Outra medida anunciada foi a redução de 4% no repasse para o Fundo de Saúde da Caixa de Assistência, Aposentadorias e Pensões dos Servidores Municipais (Caapsml), cujo projeto de lei tramita na Câmara.

Considerada uma inovação pelo ex-secretário de Planejamento Daniel Pelisson, a forma como a equipe de Belinati (PP) apresentou os números desagradou membros da administração anterior. "Me preocupa muito a forma como estão sendo passadas estas informações para a opinião pública. Vocês falaram ‘se’ não acontecesse isso, ‘se’ não acontecesse aquilo as contas fechariam no vermelho. O fato é que fechamos com superavit e também ‘se’ não houvesse aquela chuva no ano passado ou inflação de 11% teria sido mais fácil", protestou Pelisson. Souza rebateu dizendo que o modelo de prestação de contas será adotado nas próximas audiências.