O tucano Aécio Neves, o "Mineirinho", segundo a Lista de BJ, teria recebido R$ 5,25 milhões de doação em caixa 2 para sua campanha ao Senado em 2010
O tucano Aécio Neves, o "Mineirinho", segundo a Lista de BJ, teria recebido R$ 5,25 milhões de doação em caixa 2 para sua campanha ao Senado em 2010 | Foto: Lula Marques/AGPT



São Paulo - O executivo Benedicto Júnior, o BJ, delator da Odebrecht, entregou à Operação Lava Jato uma planilha com doações de R$ 246.612.801,00 de caixa 2 a 187 políticos do alto escalão e também do baixo clero. A farta distribuição de dinheiro ilícito atingiu os mais importantes partidos entre 2008 e 2014 e seus caciques.

Os investigadores suspeitam que parte dos valores repassados a título de doação de caixa 2, na verdade, era propina. Muitos políticos receberam em períodos que não disputaram eleição.

O documento reúne apenas os repasses tratados por BJ. Nele não há referência a campanhas presidenciais, missão exclusiva de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo.

Na Lista de BJ estão o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governador e São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o ministro Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A planilha de BJ é dividida em 11 colunas: Index - com o número de políticos que teriam recebido repasse -, Ano, Cargo, Estado/Município, Codinome, Nome, Intermediário do Político, Doação Caixa 2, Propósito, Pessoa de Contato e Observação.

Eliseu Padilha foi beneficiário de 8 repasses que totalizaram R$ 7,2 milhões, destinados à sua campanha para deputado federal em 2014. Codinome "Angorá".

Outro ministro do Governo Temer, Moreira Franco (Secretaria da Presidência), recebeu R$ 4 milhões em três vezes em 2014. Segundo BJ, o intermediário dos repasses a Moreira "Primo" Franco foi Eliseu Padilha.

Aécio, o "Mineirinho", segundo a Lista de BJ, recebeu R$ 5,25 milhões de doação em caixa 2 para sua campanha ao Senado em 2010, em cinco transferências. Sem intermediários.

A Antonio Anastasia, codinome "Dengo", foi atribuído o valor total de R$ 5,475 milhões para campanha de 2010 ao Governo de Minas. Foram 8 repasses ao tucano, hoje senador.

Para Anthony Garotinho foram 35 repasses no total de R$ 13,012 milhões, sob os codinomes "Bolinha" e "Pescador", para as eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014.

A candidatura de Beto Richa (PSDB) ao Governo do Paraná, em 2010, recebeu, de acordo com a Lista de BJ, 5 transferências no montante total de R$ 900 mil. Fernando Ghignone foi apontado como intermediário. Em nota à imprensa, a assessoria do governador afirmou que desconhece a citação do nome dele na lista investigados e que o dinheiro de todas as campanhas tiveram a origem declarada à Justiça Eleitoral.

Sob codinome "Nervosinho", Eduardo Paes foi contemplado com 23 pagamentos que somaram R$ 16,120 milhões em doação por caixa 2, segundo BJ. Os repasses ocorreram em 2008, 2010, 2012 e 2014.

Geraldo Alckmin foi beneficiado em duas eleições, de acordo com a Lista de BJ: 2010 e 2014 quando se candidatou a governador. Neste período, foram 20 repasses, sob os codinomes "Belém" e "M&M", no total de R$ 9,6 milhões.

De acordo com o delator, os intermediários de Alckmin foram Adhemar Ribeiro, seu cunhado, e Marco Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014. O vice de Alckmin, Márcio França, em 2010, sob codinome "Paris", R$ 70 mil.

Para Gilberto Kassab foram 26 transferências em 2008 e 2014 sob os codinomes "Kibe", "Chefe Turco" e "Projeto". O total: R$ 21.251.676,00.

Sérgio Cabral (PMDB) recebeu 41 transferência de doação a caixa 2 sob o codinome "Proximus". Total: R$ 61.996.800,00.

O sucessor de Cabral, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), também "Proximus", levou R$ 20,3 milhões em 2014.