Imagem ilustrativa da imagem Patrimônio de vereadores cresce em quatro anos



Dados dos vereadores que se elegeram em 2012 e disputam um novo mandato este ano revelam que a maioria dos parlamentares de Londrina enriqueceu após quatro anos na Câmara Municipal. As declarações de bens são uma exigência da legislação eleitoral para quem se registra como candidato e estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O maior crescimento do patrimônio foi de Jamil Janene (PP), que, em 2012, apresentou declaração de bens de R$ 178, relativamente a uma caderneta de poupança. Agora tem R$ 128 mil, incluindo um veículo, participação societária em loja de veículos e empréstimo.
Janene reconheceu que o valor declarado em 2012 e que aparece no portal do TSE está errado, "o que já foi esclarecido junto à Justiça Eleitoral, mas não houve tempo de atualizar no site porque eu só fui ver o erro depois das eleições". Segundo o vereador, o registro com a declaração de bens foi feito por outra pessoa.
Por muito pouco o erro não lhe custou o mandato. Após as eleições, o Ministério Público Eleitoral (MPE) opinou pela reprovação das contas de Janene, apontando incompatibilidade entre o patrimônio e a prestação de contas. "Mas o meu advogado provou que estava tudo certo de nossa parte", disse. A Justiça Eleitoral aprovou as contas do pepista naquela eleição. "Neste momento, não me lembro exatamente o valor declarado naquela época, mas posso levantar isso."
O vereador Amauri Cardoso (PSDB) também está no topo da lista de evolução patrimonial. Professor da rede municipal de ensino, ele declarou, em 2012, que seu patrimônio era composto por um depósito bancário de R$ 1,3 mil. Agora, informou ter R$ 163 mil, montante que inclui apartamento e carro. Cardoso assumiu a vaga em julho de 2015, quando o também tucano Gerson Araújo deixou o cargo, cassado pelo TSE, por ter feito campanha para vereador enquanto era prefeito tampão de Londrina, no final de 2012. Amauri não foi localizado ontem em seu telefone celular.
O patrimônio de Lenir de Assis (PT) cresceu 284% nos últimos quatro anos. Parte do crescimento se deve à atualização dos valores dos bens, especialmente dois imóveis. Se comparado com o montante declarado em 2014, quando disputou uma vaga na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, o crescimento, nos últimos dois anos foi de 27%, de R$ 211 mil para R$ 270 mil. Neste montante, estão casa, carro, um terreno e uma poupança de R$ 25 mil.
Conforme Lenir, nos últimos quatro anos "eu troquei o meu carro, mantive o terreno que comprei há 20 anos, porém, com a atualização do valor de acordo com o praticado no mercado". Sobre o dinheiro depositado na poupança, a petista disse que faz parte do autofinanciamento eleitoral. "Esse dinheiro na conta bancária é fruto do meu salário, porque a maior parte dos meus custos nas campanhas é bancada por mim."
Entre os vereadores que foram candidatos em 2014, chama a atenção a situação do vereador Roque Neto, que este ano não declarou bens à Justiça Eleitoral – o único entre os pares. Em 2012, ele tinha um carro, de R$ 35 mil; em 2014, afirmou ter dois veículos, que somavam R$ 107 mil; e agora não tem nada. Ontem, a reportagem não conseguiu falar com ele.
Também está na situação de "mais pobre" o vereador Gustavo Richa (PSDB), que chegou a declarar patrimônio de R$ 215 mil, em 2012, agora tem R$ 139,2 mil, composto, entre outros itens, por um apartamento, de R$ 107 mil, e R$ 20 mil em espécie. Ele disse à FOLHA que a redução no seu patrimônio ocorreu por causa da retirada de um imóvel da declaração do imposto de renda. "Naquele ano (2102) eu tinha um apartamento financiado, que havia comprado na planta, mas quando houve aumento no valor das parcelas, não tive mais como pagar e fiz acordo para devolver o imóvel. Por isso, não está mais na minha declaração."

MILIONÁRIO
O vereador mais rico é Péricles Deliberador (PSC), que tem patrimônio de R$ 1.071.257, o único milionário que vai para a reeleição. O montante se refere a apartamento, imóvel comercial, três veículos e créditos decorrentes de empréstimos. Em relação a 2012, quando tinha R$ 970 mil, o crescimento foi de 10%. Além de vereador, Deliberador é advogado em Londrina.
O segundo mais rico é o também advogado Mário Takahashi (PV), que tem patrimônio de R$ 977 mil, valor 17% superior a 2012, porém, inferior a 2014, quando disputou uma vaga na AL e declarou patrimônio de R$ 1,1 milhão. Atualmente, seus bens são compostos por apartamento, cotas de participação em empresas, créditos decorrentes de empréstimos e R$ 370 mil em espécie. A reportagem não conseguiu falar com ele ontem.
Emanoel Gomes (PRB) e Júnior Santos Rosa (PSD) que não declararam bens em 2012, agora, têm, respectivamente patrimônio de R$ 83 mil e R$ 49 mil, sendo que Emanoel declarou dois veículos e Júnior, um.
A declaração de bens é responsabilidade dos candidatos; alguns apresentam a última declaração feita para o Imposto de Renda, que, muitas vezes, não tem o valor dos bens atualizado; outros fornecem dados nos quais não revelam bens que sabidamente têm, como empreendimentos comerciais ou as próprias casas onde moram.