O paranaense Osmar Dias (PDT) poderá assumir a liderança do governo Lula no Senado. A indicação, tornada pública ontem - e confirmada pelo próprio senador -, vem sendo negociada desde o final do ano passado, em substituição à senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), que deixa a função no final deste mês.
A articulação em favor do paranaense conta com apoio do próprio presidente - disse Osmar Dias à FOLHA. No entanto, ele alega que ainda não houve um convite formal. A liderança no Senado é um cargo de extremo prestígio na ordem política federal e possibilita um bom trânsito interministerial ao indicado. Além disso, o líder comanda a base aliada na votação do Orçamento da União, o que pode significar um grande passo na aprovação de verbas para projetos de sua escolha.
A confirmação do convite, porém, depende de um intrincado jogo político que deverá ter desdobramentos nas eleições para o governo do Paraná, em 2010. Atualmente, o PDT forma com PSDB, PPS e DEM uma aliança oposicionista ao governador Roberto Requião (PMDB), que conta com apoio do PT em nível estadual. A atuação como líder do governo Lula abriria a possibilidade de uma aliança entre o PDT e o PT no Paraná, mas praticamente inviabilizaria a manutenção dos tucanos e democratas no grupo. A articulação está sendo vista como um gesto do presidente em favor da aliança PT/PDT no estado visando garantir um palanque sólido para a possível candidata do presidente à sua sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).
''Olha, houve uma conversa sobre a liderança e o presidente mandou me dizer, pelos senadores aliados, que gostaria de me ter como líder. Mas, entre sondagem e convite existe uma distância'', afirmou. ''Houve conversa pessoalmente com Lula?'', questiona a FOLHA. ''Esse ano não, só no final de 2008'', diz o senador.
Osmar Dias confirmou também que vai avaliar as implicações da liderança do governo nas eleições parananeses antes de tomar uma decisão. ''É um cargo muito honroso, mas temos que analisar os vários ângulos antes de tomar uma decisão. Trata-se de uma função que vai definir um passo na direção de outra aliança'', disse.
As conversas citadas pelo senador envolvem o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), com quem trocou apoio nas últimas eleições para o governo do Estado e prefeitura da capital. De acordo com Osmar Dias, as negociações devem se encerrar nos próximos dias. ''A definição deve acontecer após o Carnaval'', afirmou.