Espectadores dos embates que vêm ocorrendo no plenário da Câmara neste início da legislatura, os vereadores novatos decidiram optar pelo silêncio durante as sessões, especialmente nas mais tensas. A participação mais efetiva nos debates acaba se restringindo às comissões permanentes.
O momento mais inflamado na Casa neste período, quando a população esteve nas galerias para cobrar punição a Filipe Barros (PRB) pelo vídeo em que xinga participantes da greve geral de 28 de abril, mostrou o resultado da pressão popular. Embora nenhum incidente tenha sido registrado, a sessão teve que ser suspensa em vários momentos por causa do barulho. Em plenário, nenhum parlamentar contestou a postura dos participantes que estava nas galerias, mesmo que os populares mais exaltados destilassem críticas aos vereadores.
Vereadores que estão iniciando o primeiro mandato alegam preocupação com o impacto dos problemas "internos" para a imagem da Câmara junto ao eleitorado. Também falaram da dificuldade para emplacar os seus projetos. Felipe Prochet (PSD), de atuação discreta nas sessões, afirma que tem trabalhado "bastante no gabinete". "Na verdade, (o ambiente tenso) atrapalha um pouco sim. Se você perguntar o que foi dentro da Casa até agora, o povo não vai saber, mas o que aconteceu extrapauta todo mundo vai saber."
O vereador João Martins (PSL), um dos mais idosos, com 67 anos, diz que tenta oferecer conselhos aos colegas mais nervosos. "Fico fora do ambiente quando há certas discussões na Câmara, com ofensas pessoais e brigas, pois não preenche o meu caráter. Até tenho aconselhado meus companheiros e vereadores para que possam fazer cobranças mais diplomáticas." Estevão da Sul (PTN) afirma estar surpreso. "As pessoas julgam todo o Legislativo, mas têm pessoas que têm aquela diferença, não são todos polêmicos."
O vice-presidente da Câmara, Ailton Nantes (PP), também na primeira legislatura, lamenta o excesso de discussões. "O trabalho não pode parar, porque temos prazos para cumprir, mas tudo o que está acontecendo acaba transmitindo uma imagem não muito agradável da Câmara."
De acordo com Daniele Ziober (PPS), a discussão de projetos está em segundo plano. "Episódios assim me entristecem porque a gente acaba parando debates, mas eu não perco o meu foco e sigo escutando a população."
Já o suplente da Comissão de Ética, Eduardo Tominaga (DEM), prefere apostar em uma solução para o período conturbado da Casa. "Não tenha dúvida que o dia a dia nosso seria mais produtivo se não houvesse todas essas polêmicas, mas a gente tem que continuar trabalhando", minimiza.