O deputado Rodrigo Rocha Loures, que estava nos Estados Unidos, aparece em imagens da delação recebendo uma mala com R$ 500 mil a pedido de Temer
O deputado Rodrigo Rocha Loures, que estava nos Estados Unidos, aparece em imagens da delação recebendo uma mala com R$ 500 mil a pedido de Temer | Foto: Janine Moraes/Agência Câmara



Curitiba - Após a divulgação da delação-bomba de empresários da JBS, lideranças políticas do Paraná dizem que Michel Temer (PMDB) não pode continuar na Presidência do país e condenam os atos atribuídos ao ex-senador Aécio Neves (PSDB). O presidente do PMDB no Estado, senador Roberto Requião, e o líder do partido na Assembleia Legislativa, Nereu Moura, abandonaram o apoio a Temer e defenderam eleições diretas para presidente.

Requião classificou as delações como "arrasadoras, definitivas". "A vaca foi pro brejo e levou a corda. Queremos eleição direta para que os brasileiros decidam o que fazer com o país, não os canalhas", disse em vídeo divulgado nas redes sociais.

"Temer precisa renunciar, não consegue mais governar o país", comentou Moura também em vídeo.
Em gravação feita pelo sócio da JBS, Joesley Batista, o presidente dá aval para o pagamento de propina para manter de boca fechada o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba, e não fechar acordo de delação.

Ontem, em pronunciamento oficial, Temer afirmou que não iria renunciar. Ele disse esperar uma investigação rápida e que vai provar que não cometeu crimes.

Já o senador Alvaro Dias (PV) – que foi apontado como o favorito à presidência caso Temer renuncie pelo jurista Miguel Reale Jr, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) –, afirmou que a saída de Temer é "inevitável".

Para Dias, se o peemedebista não renunciar, não conseguirá escapar de um processo de cassação ou de impeachment. "O ato mais correto seria renunciar para tentar estancar a crise", disse Dias. "A economia vive um momento difícil e se agravará com essa instabilidade".

Em relação a Aécio, o senador opinou que o tucano "não deve ter argumentos suficientes" para se explicar sobre os atos de corrupção, as quais considera "muito graves". Os dois foram colegas de legenda até 2016, quando Dias se filiou ao PV em um movimento para tentar concorrer à presidência em 2018.

Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), as denúncias contra Aécio "deixaram de ser suposição" e por isso ele "não pode mais ficar à frente do partido".

O governador Beto Richa (PSDB) não se manifestou ontem sobre a situação. Segundo sua assessoria, Richa iria aguardar "o momento oportuno" para se posicionar.

Aécio deixou a presidência do PSDB e foi afastado do cargo de senador pelo Superior Tribunal Federal (STF) após ter sido gravado pedindo R$ 2 milhões em propina para a JBS. A irmã e um primo do tucano foram presos.

ROCHA LOURES
O PMDB do Estado não quis comentar sobre as denúncias envolvendo o deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB), que faz parte da chapa que compõe o diretório estadual da legenda, no cargo de 1º vogal.

O deputado federal João Arruda (PMDB), que também compõe a chapa do partido, afirmou que se trata de uma "situação política muito grave" e que "não tem ideia" do que vai acontecer. "Cabe ao conselho de ética do diretório nacional do PMDB analisar o caso", apontou.

Rocha Loures aparece em imagens da delação recebendo uma mala com R$ 500 mil a pedido de Temer.

Homem de confiança do presidente Temer, Rocha Loures é filiado ao PMDB desde 2005 e trabalha com Temer desde 2011, em funções ligadas a Relações Institucionais. Ele só deixou o cargo em março para assumir mandato de deputado federal, na vaga deixada pelo ministro Osmar Serraglio.

Empresário milionário, filho do dono da empresa Nutrimental, Rocha Loures é filiado ao PMDB desde 2005. Na campanha para deputado federal, Temer gravou um vídeo em que elogia o amigo. "Ele [Loures] veio para o meu gabinete e me ajudou enormemente", disse o presidente.

Em nota, a defesa do deputado afirmou que ele ainda não teve acesso às acusações e está à disposição das autoridades para esclarecimentos. O peemedebista estava nos EUA e iria retornar ao país na noite de ontem. Ele não atendeu às ligações da reportagem.