Comissão Processante pretende ainda nesta semana interrogar Boca Aberta (PR), que ganhou mais tempo para se defender da possível cassação
Comissão Processante pretende ainda nesta semana interrogar Boca Aberta (PR), que ganhou mais tempo para se defender da possível cassação | Foto: Ricardo Chicarelli



Em decisão proferida na tarde dessa terça-feira (19), o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública, Marcos José Vieira, concedeu liminar e determinou a suspensão da sessão de julgamento do vereador Emerson Petriv (PR), o Boca Aberta, que seria realizada na próxima sexta-feira (22). O vereador seria julgado por ato incompatível ao decoro parlamentar por pedir dinheiro nas suas redes sociais para pagar uma multa eleitoral. O relatório final da CP (Comissão Processante) considerou procedente a denúncia e indicou a cassação de mandato.

Ao analisar mandado de segurança impetrado pelo advogado Eduardo Duarte Ferreira, o juiz entendeu que o vereador precisa ser intimado para ser interrogado pela Comissão Processante. "...nada nos autos indica deva ser suprimida a fase de interrogatório, que é ato essencial à ampla defesa do acusado".

O magistrado anotou que mesmo que Boca Aberta não tenha oferecido defesa preliminar ou que tenha abandonado a sessão de realizada em 4 de agosto, a CP não poderia dispensar seu depoimento pessoal, que está previsto no artigo
5º do Decreto-lei 201/1967, que regulamenta a cassação de mandato de prefeitos e vereadores.

Porém, o juiz escreveu que a decisão não suspende o processo por completo, mas apenas a sessão que estava marcada. "Com efeito, a liminar obstará tão-somente à realização da sessão de julgamento agendada para o próximo dia 22.9.2017, cabendo à Comissão Processante, antes de designar nova data, marcar dia, hora e local para o interrogatório do parlamentar processado."

O presidente de CP, vereador Felipe Prochet (PSD), disse que irá acatar a decisão judicial. "Foi uma surpresa porque a Câmara já havia se preparado para a sessão na sexta-feira", acrescentando que a comissão tentou ouvi-lo durante o curso da investigação. "Foram dados todos os prazos para manifestação da defesa, até o próprio juiz reconheceu isso." Segundo ele, assim que o vereador for notificado será aberto um prazo de 24 horas para interrogá-lo. "Pretendemos fazer isso nesta semana."

A Câmara já havia divulgado todo esquema de segurança e logística para a sessão de julgamento que teria distribuição de senha e detectores de metais na entrada principal.

Para o procurador jurídico da Casa, Miguel Aranega Garcia, a decisão judicial não prejudica os trabalhos da CP. "Temos ainda um prazo razoável para que a gente possa ouvi-lo e oportunizar as alegações finais e um novo relatório."

Assim que a decisão chegou à Câmara no meio da tarde, Boca Aberta não foi mais localizado no prédio. O advogado de Boca Aberta disse após o depoimento do vereador, outro relatório final terá de ser elaborado. Então, a sessão poderá ser agendada.

Na decisão, o juiz também esclareceu que "eventual recusa do impetrante (Boca Aberta) em receber a notificação não impedirá a válida instauração da sessão de seu interrogatório, quer ele compareça ao ato, quer não".