Brasília - O engenheiro Sérgio Gaudenzi, de 66 anos, baiano do PSB, é o novo presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). Amanhã ele vai substituir o brigadeiro José Carlos Pereira. No mesmo dia, a decisão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai ser comunicada na assembléia da diretoria da Infraero.
O novo chefe da Infraero, que até sexta-feira ocupava o comando da Agência Espacial Brasileira (AEB), conhece bem tanto o ministro Jobim como o governador de São Paulo, o tucano José Serra (PSDB) - foi militante, como os dois, nos anos 60, da extinta Ação Popular (AP). No movimento estudantil, chegou a disputar, em 1963, a direção da União Nacional dos Estudantes (UNE) com o próprio Serra - desistiu da disputa, o que facilitou a vitória do hoje tucano. Em uma reunião agendada para a próxima semana, mas sem data definida, os dois vão tratar da substituição de toda a direção da Infraero.
Na montagem da equipe, Jobim também já convidou para trabalhar com ele a economista Solange Vieira, gerente de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Solange ficou conhecida por ser a ''mãe'' do chamado Fator Previdenciário, fórmula inventada no governo Fernando Henrique Cardoso para retardar a idade limite das aposentadorias. Ela também já havia trabalhado com Nelson Jobim no Supremo Tribunal Federal (STF). A pedido dele, quando presidente do tribunal, ela fez estudos para facilitar o pagamento de precatório por parte de Estados e municípios.
O brigadeiro José Carlos Pereira disse que já sabia da substituição por Gaudenzi, mas que não ficou magoado. Ele afirmou estar cansado da ''série de violências'' que vinha sofrendo desde o acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, em setembro.
Gaudenzi tem excelente relações com os militares, sobretudo os da Aeronáutica e certamente isso contou a seu favor. Presidia a AEB desde julho de 2004. A sua nomeação, justamente por esse perfil político, foge um pouco à idéia inicial do governo e, particularmente, da Casa Civil, de pôr nos cargos pessoas com perfis técnicos. Uma dos fatores que pesou na sua escolha teria sido a sua fama de excelente gestor.
Anac O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem autoridade para demitir os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e das demais agências reguladoras, se considerar a medida necessária. A avaliação é do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Eros Grau. Citando o artigo 84 da Constituição, o ministro explicou que as agências reguladoras são repartições públicas subordinadas à chefia da administração, que pertence à Presidência da República. ''Ele pode, de acordo com a Constituição, e deve, se necessário, demitir.''