Curitiba - Representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens estiveram na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná na tarde de ontem para pedir apoio dos parlamentares na negociação com as empresas do grupo Neoenergia - Geração Cerro Azul, responsáveis pela construção da Usina do Baixo Iguaçu, no sudoeste paranaense. Eles reivindicam que as obras da hidrelétrica comecem apenas após o pagamento das indenizações às 435 famílias que vivem nos cinco municípios da região: Capanema, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Planalto e Nova Prata do Iguaçu.

O agricultor Sidnei Martini, membro da comissão dos atingidos do Baixo Iguaçu, disse que a situação dos moradores hoje é de caos total. "Não há segurança alguma e as negociações andam a passos lentos. As famílias são inclusive caluniadas pelo valor que pedem", lamentou.

Diversos parlamentares subiram à tribuna para comentar o assunto. "Não defendo que a Assembleia casse a autorização para as obras, mas que consiga uma resposta do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e das empresas para que as negociações avancem. Daqui a pouco a água começa a subir. Algumas famílias estão em profunda depressão, pois vão perder suas terras", argumentou o deputado Tadeu Veneri (PT).

Já o líder do governo, Ademar Traiano (PSDB), disse que a maioria das famílias já recebeu indenizações e que considera o valor, de R$ 35 a R$ 47 mil por alqueire, justo. Os atingidos pedem entre R$ 130 e 200 mil. "Foram pagas, que eu testemunhei, indenizações até para grileiros que estavam há tempos nas propriedades. Defendo nossos agricultores, mas nesse momento há, infelizmente, gente que se aproveita da manifestação para conseguir terras."

Os impasses levaram o presidente da Casa, Valdir Rossoni (PSDB), a autorizar a formação de uma comissão para avaliar a situação dos agricultores. Segundo ele, o grupo irá se reunir na próxima terça-feira, às 10 horas, na sala de reuniões da Presidência, para propor soluções que beneficiem a população, "sem levar em conta questões políticas ou partidárias".