Agentes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) procuraram a FOLHA ontem para refutar a informação de que a categoria está unida ao diretor de Trânsito e Transporte, Wilson Santos de Jesus, com o objetivo de cancelar a comissão de sindicância que apontou o suposto envolvimento de Jesus e de 47 agentes (vários já não trabalham mais na companhia) num esquema de cancelamento indevido de multas de trânsito.
Os agentes, que preferiram não ter os nomes divulgados, disseram que praticamente toda a categoria concorda com a manutenção da sindicância. ''Foi um grupo de agentes que denunciou o cancelamento irregular de multas ao Ministério Público e queremos que a sindicância seja mantida. Quem não fez cancelamentos indevidos e foi citado na sindicância terá oportunidade de se defender nos processos disciplinares'', afirmou um dos agentes.
Na última sexta-feira, agentes participaram de uma reunião com o presidente da companhia, Octávio Cesário Pereira Neto, para questionar a sindicância e ameaçavam paralisar as atividades. ''Houve a disseminação de muitas informações inverídicas pelo Wilson de Jesus, fazendo com que alguns agentes acreditassem que o simples fato de se abrir um processo disciplinar representaria a demissão do agente, o que não é verdade. A ideia era criar um clima de terror para que os agentes apoiassem o cancelamento da sindicância'', afirmou o outro agente.
Após a divulgação parcial do relatório da sindicância, que apontou Jesus como um dos principais envolvidos no escândalo, o diretor criticou publicamente a comissão, apontando supostas irregularidades. Jesus é suspeito de ter sido beneficiado pelo cancelamento de uma multa; não ter tomado providências quando foi alertado pela então coordenadora de trânsito que muitas multas estavam sendo canceladas; e de ter prestado informação falsa para dar veracidade ao cancelamento de uma multa aplicada a Maurício Teixeira dos Anjos, que ocupava cargo comissionado na CMTU.
Em entrevista à FOLHA, Wilson de Jesus negou que tenha tentado cooptar agentes. ''Eles gravaram esta conversa? Têm como provar que fiz isso?'', questionou. O diretor afirmou que praticamente todos os agentes participaram da reunião, o que provaria que todos desejavam o cancelamento da sindicância. ''Estou trabalhando e todo o resto não passa de especulação.'' A presidência da CMTU manteve a sindicância e a assessoria de imprensa informou que os processos disciplinares estão sendo instaurandos. Independente do resultado desta sindicância, o Conselho Fiscal da companhia inicia agora uma auditoria completa nos autos de infração.