Curitiba - Mais bem colocados nas pesquisas de opinião, o ex-prefeito da capital Rafael Greca (PMN) e o atual, Gustavo Fruet (PDT), que concorre à reeleição, trocaram acusações no segundo e penúltimo debate entre os candidatos à Prefeitura de Curitiba na televisão aberta, promovido na noite deste domingo (25), na RIC TV. O encontro começou às 22h45 e avançou até perto de 1h30 da madrugada, já em clima morno. A emissora convidou sete dos agora oito candidatos. Participaram ainda Ademar Pereira (PROS), Maria Victoria (PP), Ney Leprevost (PSD), Requião Filho (PMDB) e Tadeu Vereni (PT).

A única excluída foi Xênia Mello (PSOL), cujo partido possui menos de nove representantes na Câmara dos Deputados, critério adotado pelas afiliadas da Rede Record em todo o País. Em nota, a empresa disse que se baseou na Resolução nº 23.457/2015 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para restringir o número de participantes. Conforme o parágrafo 2º do artigo 32 do documento, só é garantida a presença dos candidatos filiados a legendas com representação superior a nove parlamentares na Câmara dos Deputados, o que não é o caso do Psol, com cinco, nem do Pros, que hoje possui sete.

A militante feminista decidiu comparecer à emissora mesmo assim, entretanto, acabou parando no bloqueio da Polícia Militar (PM). "A Record tem medo de democracia, mas a Frente de Esquerda Psol e PCB não tem medo do debate. Acho uma falta de respeito com a população de Curitiba, que tem direito a ter acesso à informação. Quando a Record coloca inclusive os policiais militares a impedir o nosso acesso, desrespeita a população de conhecer as nossas propostas", afirmou, em entrevista à imprensa. Afonso Rangel (PRP), que também não foi chamado, teve sua candidatura indeferida no último sábado (24) pela Justiça Eleitoral, ficando de fora do pleito.



Antes mesmo de formular a primeira pergunta, para Greca, sobre abastecimento, Fruet citou o sumiço de 12 obras de arte originalmente pertencentes a um museu municipal, a Casa Klemtz. A Fundação Cultural de Curitiba (FCC), subordinada à prefeitura, suspeita de que parte desse acervo esteja numa chácara do político do PMN, o que ele nega. O pedetista voltou a pedir para que seu adversário autorize a realização de uma sindicância no local. "Todos os objetos da minha casa em Piraquara (região metropolitana) foram declarados no Imposto de Renda há mais de 20 anos", rebateu Greca.

Coligações e apoios considerados controversos foram lembrados. Greca recordou, em embate com Veneri, a ligação de Fruet com o Partido dos Trabalhadores, sigla que integrou a maior parte da administração (a vice-prefeita, Mirian Gonçalves, é do PT). "O PT acolheu Fruet e patrocinou a candidatura dele com recursos de empresas citadas na [Operação] Lava Jato (...) Por que esse casamento não deu certo?", questionou. "Primeiro que não é casamento. É relação política. E não escondemos como o senhor esconde o Carlos Alberto. Deve ser por causa do 29 de abril", devolveu o petista, em referência ao governador Beto Richa (PSDB). O PSDB integra a coligação do PMN, tendo inclusive indicado o vice, Eduardo Pimentel.

O próprio Greca levantou a polêmica em torno da declaração preconceituosa que deu sobre pessoas em situação de rua na noite de quinta-feira (22), durante sabatina da PUCPR e do jornal "Bem Paraná". Naquela ocasião, ele disse que vomitou quando tentou carregar um pobre em seu carro, por causa do cheiro. Ontem, contudo, alegou que foi vítima de "trucagem" dos adversários. "Qual de vocês aqui já teve a experiência de bom samaritano de recolher alguém da rua? Eu tenho orgulho do meu serviço social na FAS [Fundação de Ação Social, que faz a gestão da assistência na cidade]".

O tema voltou à tona no segundo bloco, em pergunta de Requião Filho. "Curitiba tem, segundo a prefeitura, 1.700 moradores de rua. Como ajudá-los sem passar mal?", alfinetou. "Com um trabalho exaustivo, intenso, que passa pela valorização do educador social (...) Eu tinha uma visão romântica da ação social quando jovem e essa foi a experiência que eu relatei na PUC", respondeu Greca. Na tréplica, o peemedebista falou que o problema exige habilidade social, algo que "não falta aos Requião". O deputado, aliás, por diversas vezes destacou a atuação do pai, o senador Roberto Requião, quando prefeito e governador.

Greca desponta hoje como favorito ao pleito, podendo ganhar já no primeiro turno. O mais recente levantamento, do Ibope, encomendado pela RPC TV, o mostrou com 45% das intenções, sendo 52% dos votos válidos (excluindo brancos e nulos). Na sondagem anterior, ele aparecia com 28%. Fruet vem em segundo lugar, com 16%, seguido de "Requiãozinho", com 8%, e Leprevost e Victoria, com 6%. Já Veneri tem 4%. Ademar e Xênia, por sua vez, somam 1% cada.

Ao todo, foram quatro blocos de debate, incluindo rodadas de confronto direto, perguntas de temas definidos pela emissora e questões elaborados pela equipe de jornalismo. No final, os participantes tiveram um tempo para fazer suas considerações. O primeiro encontro entre os candidatos, na TV Bandeirantes, aconteceu em 22 de agosto. Já o terceiro e derradeiro será na RPC TV, afiliada da Rede Globo no Paraná, na próxima quinta-feira (29).