O promotor do Gepatria (Grupo especializado na Proteção do Patrimônio Público e Combate à Corrupção), Renato de Lima Castro, enviou uma recomendação administrativa ao prefeito de Rolândia, Luiz Francisconi Neto (PSDB), o Doutor Francisconi, para que exonere Caroline Naldi Ludovico que desempenha cargo comissionado na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e foi nomeada na segunda-feira (19). Caroline é filha do juiz criminal Alberto José Ludovico, o magistrado que foi o responsável por julgar as medidas cautelares contra o prefeito e todo o processo criminal, em primeira instância, no âmbito da Operação Patrocínio.

Imagem ilustrativa da imagem Gepatria recomenda que prefeito de Rolândia exonere filha de juiz
| Foto: Prefeitura de Rolândia


No mesmo documento, Castro exige a exoneração Odivaldo Moreno Alves que também foi nomeado como comissionado na mesma data para Secretaria de Infraestrutura. Odivaldo é tio do vereador Irineu de Paula (PSDB) que presidiu a Comissão Processante que investigou Francisconi na Câmara. Apesar de ter assinado o relatório que indicou a cassação, o vereador tucano se absteve da votação em plenário no início do mês. O resultado e o voto dele garantiram a permanência do prefeito no cargo. O promotor considerou a nomeação como transnepotismo. "Materializa nas trocas de favores entre poderes."

O promotor deu prazo de 15 dias para que os pedidos sejam atendidos. "O não acolhimento da recomendação poderá sujeitar as autoridades (prefeito, vereador e magistrado) bem como aos nomeados para cargos de comissão, a responsabilidade pela prática de ato de improbidade administrativa ao violar os princípios da administração pública."

Patrocínio
Na denúncia contra Francisconi e outras 18 pessoas, o MP (Ministério Público) apontou o pagamento de mais de R$ 230 mil em propina para o pagamento de contratações de serviços sem a realização de licitações ou com a dispensa do procedimento.

Afastado do cargo desde setembro do ano passado, o prefeito de Rolândia retomou o trabalho na segunda-feira (18) após decisão do desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná Luís Carlos Xavier. Já a primeira audiência de instrução da Operação Patrocínio está marcada para o dia 19 de março. Serão ouvidas as testemunhas arroladas pelo MP

O QUE DIZEM OS CITADOS
A assessoria de imprensa de Rolândia ficou de encaminhar nota com a resposta de Francisconi sobre a recomendação. O vereador Irineu de Paula disse que a possível exoneração é de responsabilidade do prefeito e que não irá interferir neste assunto. O vereador tucano também negou que fez a indicação do seu parente para o cargo comissionado e que o fato teria relação com o voto na CP da Câmara. "Essa questão de parentesco é muito comum em cidade pequena. Eu tenho prima vereadora, tios ex-secretários", minimizou.

A FOLHA tentou contato com o juiz criminal e com os servidores que são alvos da recomendação, mas os agentes públicos não foram encontrados.