As pessoas que acompanharam a sessão de julgamento político do prefeito Barbosa Neto (PDT) na Câmara de Vereadores se manifestaram durante boa parte do dia de ontem, mas, apesar do tumulto causado na sexta-feira quando mais de 40 pessoas ficaram sem senhas para acompanhar a sessão, e da importância da votação, nenhum dos lados das galerias estavam lotados. Apesar de 84 senhas terem sido distribuídas para cada lado, os favoráveis à cassação estavam com menos de 60 presentes, e os contrários tinham cerca de 50.
Os que acompanhavam do lado direito da Câmara - que eram favoráveis à cassação do prefeito - muitas vezes foram advertidos durante o período da manhã e início da tarde pelo presidente da Casa, vereador Gerson Araújo (PSDB), pelas manifestações acaloradas e exaltadas cada vez que os advogados do chefe do Executivo se manifestavam no microfone.
Durante a manhã, eles chegaram a cantar o hino nacional, segurando bandeiras do Brasil e comemoravam os indeferimentos dados pela Mesa Executiva aos inúmeros pedidos da defesa de adiamento ou cancelamento da votação. O cansaço foi vencendo, porém, e no momento da leitura do processo, que levou quase quatro horas, pessoas dos dois lados foram embora.
Faixas foram penduradas nos dois lados do plenário da Câmara. No lado esquerdo da Casa, onde ficaram os contrários à cassação, na maioria do tempo eram mais contidos em suas manifestações. Os representantes do movimento de apoio ao prefeito gritaram em muitas oportunidades que ''o PT ficou oito anos na administração de Londrina e não fez o que o prefeito Barbosa Neto fez em três anos e meio''. Nos cartazes colados na galeria, foram citados o restaurante popular, inaugurado mês passado, obras de recapeamento de ruas e a Lei Cidade Limpa.
Do lado contrário, as faixas ressaltavam as investigações do Gaeco. Em uma das faixas, o movimento popular contra a corrupção Por Amor a Londrina lembrou aos vereadores que, em 2000, aqueles que votaram pela absolvição do prefeito Antônio Belinati não se reelegeram.
O advogado e um dos coordenadores do movimento, Jorge Custódio Ferreira, ressaltou que ''se o prefeito não fosse cassado haveria uma grande frustração na sociedade''. ''Nesse caso há provas o suficiente e o julgamento é político, então esperamos que os vereadores possam votar com o interesse da sociedade. Há esse clamor popular'', disse. Apoiando o movimento, a estudante de Jornalismo da UEL Rafaela Magalhães disse que apoiava a cassação do prefeito, e que achava importante acompanhar a sessão ''porque esse ano é a primeira vez'' que irá votar.
Do lado contrário do plenário, os apoiadores da permanência do prefeito afirmavam que a sessão de cassação era ''uma afronta à democracia''. Renato Querubim, técnico de manutenção de equipamentos da UEL, alegou que nunca viu ''um prefeito fazer o que Barbosa fez em três anos de administração''. ''Ele reduziu os cargos comissionados na prefeitura, fez obras. Eles (vereadores) querem cassar o prefeito porque estão com medo da eleição. Eu moro há 42 anos em Londrina e nunca vi uma gestão assim'', defendeu.
Jurandir Rosa, do diretório do PDT, alegou que defende a permanência do chefe do Executivo porque ''ele trabalhou muito'' por Londrina. ''É um absurdo eles fazerem isso às vésperas das eleições. Não é justo, nós estamos lutando pela legalidade, para que isso se resolva nas urnas.''
As manifestações das galerias só voltaram a acontecer após a chegada do prefeito Barbosa Neto na Casa, após as 19 horas.