O vereador Eloir Valença (PHS), o chefe de Gabinete da Prefeitura de Londrina, Rogério Lopes Ortega, o ex-secretário de Governo Marco Cito, o diretor de Participações da Sercomtel, Alysson Tobias de Carvalho, e o empresário Ludovico Bonato foram indiciados pelo crime de formação de quadrilha ou bando, por envolvimento num suposto esquema de compra de votos na Câmara de Londrina. A conclusão está num inquérito policial finalizado ontem pelo delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore. Ele afirmou, ainda, que ''diante dos indicativos precisos da proposta da compra de votos, levantados durante a investigação'', o vereador é acusado por corrupção passiva, ''porque teria aceitado a promessa da vantagem indevida'', enquanto que os demais são indiciados também por corrupção ativa.
Antes de conceder entrevista coletiva aos jornalistas, o delegado, acompanhado pelos promotores de Justiça Cláudio Esteves e Jorge Fernando Barreto da Costa, apresentou, com autorização judicial, uma gravação feita no dia em que Bonato se encontra com o vereador Amauri Cardoso (PSDB) - denunciante do suposto esquema - para a entrega de R$ 20 mil, como parcela inicial para que o parlamentar votasse contra a abertura da Comissão Processante (CP) da Centronic contra o prefeito Barbosa Neto (PDT). O vídeo mostra Bonato, ''que agia a mando de Marco Cito'', chegando por volta do meio-dia e entregando um envelope para Amauri, que confere o montante. Conversam rapidamente sobre o propósito da propina e, depois de cinco minutos, o empresário deixa a sala, que fica na unidade local da Paraná Esportes, na rua Cambará, área central, onde Amauri trabalha.
Antes desse encontro, os outros envolvidos já estariam articulados, conforme confirmou o próprio empresário ao ser preso em flagrante. De acordo com Esteves, ''ele (Bonato) nos contou que momentos antes havia passado pela prefeitura onde estavam Marco Cito e Rogério, tendo recebido o dinheiro do Cito''. Bonato teria dito ainda, aos promotores, que Alysson teria levado o dinheiro até a prefeitura para o ex-secretário municipal. O promotor reconheceu que, por enquanto, não há provas da origem do dinheiro. ''Não pensem que estamos satisfeitos com o resultado desta investigação'', afirmou Esteves. Um novo inquérito já foi aberto.
O empresário também teria sido escolhido como o ''elo'' entre os governistas e Valença, pela proximidade entre ambos, sendo que no gabinete do vereador trabalha, há dois anos, a cunhada de Bonato, Silvana Bonato. De acordo com o delegado, em março houve ''a proposta da vantagem indevida para Eloir em troca do apoio na Câmara e ele aceitou, basta ver o posicionamento dele apoiando projetos do Executivo''.
Apesar de apontar indícios que comprometem pessoas próximas ao prefeito, Flore afirmou que não tem provas de que partiriam dele as ordens para a articulação criminosa junto aos vereadores. ''O prefeito ocupa um cargo que traz vantagens a ele e a outras pessoas. Não há indicativos concretos sobre a participação do prefeito.''
Contudo, o Gaeco atestou que Barbosa Neto e o presidente da Sercomtel, Roberto Coutinho Mendes, entraram em contradição durante os depoimentos. Conforme a FOLHA já mostrou, ocorreu uma reunião na telefônica, na segunda-feira um dia antes das primeiras prisões, em que Marco Cito estaria presente. Coutinho inicialmente teria confirmado a presença do ex-secretário e depois negado. Já em seu depoimento, Barbosa confirmou que ''teve várias reuniões'' com o Cito, inclusive esta na Sercomtel.

Imagem ilustrativa da imagem Gaeco indicia 5 por corrupção e formação de quadrilha
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