"Estamos rastreando o dinheiro oriundo da corrupção por meio de documentos e informações obtidos com quebras de sigilo, investigando como ocorreu a lavagem de ativos", explica o promotor Jorge Barreto
"Estamos rastreando o dinheiro oriundo da corrupção por meio de documentos e informações obtidos com quebras de sigilo, investigando como ocorreu a lavagem de ativos", explica o promotor Jorge Barreto | Foto: Fabio Alcover/02/03/2017



Dezenove mandados de busca e apreensão expedidos pelo juiz da 3ª Vara Criminal, Juliano Nanuncio, foram cumpridos na manhã desta quinta-feira (19) em Londrina, Campo Mourão (região central do Estado) e Mauá da Serra (norte) e seis pessoas foram conduzidas coercitivamente para prestar depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Os agentes apreenderam computadores e documentos, além de duas armas de uso permitido.

As medidas fazem parte da décima fase da Operação Publicano, que apura crimes de lavagem de dinheiro obtido supostamente por meio de exigência de propina pelos auditores da Receita Estadual de Londrina Orlando Coelho Aranda e Ranulfo Dagmar Mendes. O promotor e coordenador do Gaeco em Londrina, Jorge Barreto da Costa, disse que em Campo Mourão foram cumpridos três mandados em um escritório de advocacia, em uma empresa e em um residência. Em Mauá, o alvo foi uma residência. Os outros 15 mandados foram cumpridos em casas e empresas de Londrina. "Os alvos são pessoas que ajudaram nos crimes de lavagem de ativos, segundo apontam nossas investigações", afirmou o promotor.

Desde que a Publicano foi deflagrada, em março de 2015, o Gaeco segue investigando supostos crimes decorrentes do esquema de cobrança de propina por auditores da Receita de Londrina e supostamente da alta cúpula do órgão, em Curitiba. "Estamos rastreando o dinheiro oriundo da corrupção por meio de documentos e informações obtidos com quebras de sigilo, investigando como ocorreu a lavagem de ativos", explicou.

O ex-auditor Luiz Antonio de Souza, principal delator da Publicano, e os auditores Milton Digiácomo e José Luiz Favoreto Pereira já respondem a processos específicos pelo crime de lavagem de dinheiro, além das ações relativas a organização criminosa e corrupção passiva.

BALANÇO
Por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), os processos relativos às primeira e segunda fases da Publicano estão paralisados e o da terceira fase (sobre lavagem de ativos de Favoreto) foi suspenso por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal); a Publicano 4 (corrupção passiva) e a 7 (corrupção em postos fiscais) estão chegando ao final na fase de depoimentos de testemunhas e interrogatórios; a 6 (lavagem de ativos de Souza) já teve a instrução concluída; os processos relativos às fases 8 (lavagem de ativos de Digiácomo) e 9 (falsidade ideológica praticada por contador, advogado e empresário) estão em fase inicial de tramitação.

"Embora haja a suspensão dos três primeiros processos, todos os demais estão tramitando", resumiu o promotor. As investigações acerca do esquema criminoso na Receita começaram em junho de 2014. Ao todo, 73 auditores são acusados de integrar a organização criminosa. Em sentença de dezembro do ano passado, relativa à Publicano 1, o juiz Juliano Nanuncio condenou 42 acusados, sendo que ao auditor Márcio Albuquerque de Lima, considerado líder da organização, a pena foi de 96 anos de prisão.

O advogado Walter Bittar, defensor de Aranda, disse que ainda não teve acesso ao inquérito e o advogado de Mendes não foi localizado. (Colaborou Guilherme Marconi)