Pequim (China) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que, se o também ex-presidente Lula de fato tentou influenciar no julgamento do mensalão, ele ''está insistindo em tapar o sol com a peneira''. O tucano disse ainda acreditar que a controvérsia não atrapalhará o julgamento do caso. ''O Lula não é mais presidente. Ele tem a tese de que o mensalão é uma farsa. Ele fez aquela declaração em Paris (em julho de 2005) em que tenta minimizar o mensalão. Se ele fez isso - eu não posso afirmar porque não tenho dados -, ele está insistindo na mesma tese, em tapar o sol com a peneira'', disse FHC a jornalistas brasileiros, em Pequim, onde participa de um seminário de investimentos do banco Itaú.
No fim de semana, a revista ''Veja'' revelou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e Lula se reuniram em abril no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim. Na versão de Mendes, o petista disse que o julgamento do mensalão deveria ser feito após as eleições municipais deste ano. Lula e Jobim negam esse relato.
''Se (Lula) fez, não devia fazer. Se fez, o ministro tem a obrigação de atuar independentemente de ter sido pressionado, se é que foi'', disse o tucano. ''Como presidente, você não pode pressionar o tribunal. É até mais ilegítimo como presidente. Como cidadão, tem até mais liberdade. Ainda assim, acho que a gente deva guardar a distância necessária para que as instituições tenham a sua respeitabilidade. Mas eu não quero entrar (na discussão).''
O ex-presidente ressaltou que é preciso ''ter calma, deixar que os acontecimentos tomem a sua dimensão verdadeira'' e que está confiante num julgamento correto pelo STF. ''Eu acho que o Brasil amadureceu'', afirmou FHC. ''Esse episódio não vai contaminar as decisões (do STF).''
''O Brasil avançou muito e chegou o momento em que essas coisas têm de ser encaradas com naturalidade, com normalidade. Tentativas de tumultuar uma decisão dessa, de qualquer dos lados, não ajuda.''

Imagem ilustrativa da imagem FHC critica tentativa de Lula de influenciar ministro do STF