Brasília - As últimas manifestações da defesa e da acusação no Senado, durante o julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff foram permeadas por lágrimas nessa terça-feira (30). Primeira a falar, a advogada Janaina Paschoal, que assina ao lado de Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo a denúncia contra a petista, fez um discurso mais ameno do que o costume e chegou a pedir desculpas a Dilma.
"Mesmo estando certa, peço desculpas à senhora presidente da República. [...] Eu peço desculpas porque sei que, muito embora não fosse meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. Eu peço que ela, um dia, entenda que fiz isso pensando também nos netos dela", afirmou a advogada com voz embargada, demonstrando estar emocionada.
Paschoal também mencionou Deus. "Se houver alguém fazendo algum tipo de composição nesse processo, é Deus. Foi Deus que fez com que várias pessoas, ao mesmo tempo, cada uma na sua competência, percebessem o que estava acontecendo com o nosso país."
Na última participação como advogado de defesa da presidente afastada, o ex-ministro José Eduardo Cardozo declarou que, às vezes, "os acusadores subitamente têm crise de consciência, mas não conseguem com ela eliminar injustiça do seu golpe", se referindo à fala da opositora.

ELOGIOS
O advogado petista deixou o plenário abraçado por senadores dilmistas, que fizeram fila para parabenizá-lo, e foi elogiado inclusive por aliados do presidente interino, Michel Temer. Na saída, Cardozo chorou ao voltar a mencionar a fala de Janaina sobre os netos da presidente.
"Acho inadmissível alguém pedir a condenação e dizer que faz pelos netos dessa pessoa. É muito difícil", afirmou Cardozo.
Assim que terminaram os discursos, oposicionistas e aliados de Temer comentavam que, na opinião deles, Cardozo é um dos poucos petistas que conseguiu, ao final do processo, sair melhor do que entrou. Logo após o discurso de Cardozo no plenário, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), afirmou que ele "vai ganhar muito dinheiro como advogado".
Apesar dos elogios atuais, o advogado de defesa de Dilma foi um dos principais alvos de críticas do PT quando ocupou o Ministério da Justiça e chefiou a Polícia Federal.
Na época, ele era acusado por integrantes e parlamentares do partido de não tomar medidas para controlar a PF nas investigações da Operação Lava Jato.