Imagem ilustrativa da imagem 'É o pior momento para se pensar na revisão da planta'


A equipe técnica das secretarias de Fazenda e Planejamento de Londrina está finalizando o projeto de lei para a atualizar a planta genérica de valores usada no cálculo do IPTU para ser enviado à Câmara. O secretário Edson de Souza adiantou que a expectativa, com a correção da PGV, é aumentar a arrecadação de IPTU em R$ 362 milhões (passando dos atuais R$ 215 milhões para R$ 577 milhões).

Para os analistas, o fato de Belinati ter defendido claramente na campanha – assim como outros candidatos – a revisão da planta torna os eleitores e vereadores mais receptivos ao debate. Entretanto, apontam que a crise econômica e os elevados índices de desemprego são dificuldades consideráveis a serem enfrentadas. "Agora é o pior momento para se pensar na revisão da planta porque é o pior momento da economia", resumiu o professor Elve Cenci.

Porém, "do ponto de vista local, a hora é agora", disse o jornalista Fábio Silveira, explicando que o primeiro ano de governo é politicamente o mais viável para um projeto impopular. "Uma hora vai ter que se fazer isso e se não fizer agora, não faz mais." Ele acredita que diluir o aumento ao longo dos anos, permitindo ao contribuinte maior tempo para absorver o impacto, é uma possibilidade a ser considerada pela administração.

Além do impacto nas finanças dos mais pobres e desempregados, os dois analistas mencionaram grupos econômicos que devem se manifestar quando o projeto for apresentado, assim como ocorreu nas tentativas anteriores.

Por outro lado, Belinati precisará, obviamente, do apoio majoritário da Câmara. Antes mesmo de assumir o governo, ele tentou construir esta maioria levando o terceiro suplente da coligação Jamil Janene (PP) – um claro opositor de Kireeff e do aumento do IPTU em 2014 – de volta ao Legislativo, após acordo com os dois primeiros colocados para a cadeira na Câmara.

Para Cenci, outra forma de enfrentar os interesses de determinados grupos será tornando o debate público e aberto a toda a sociedade – não apenas aos vereadores. "(A aprovação do projeto) vai depender do diálogo com a sociedade, de abrir os números, de apresentar isso claramente à imprensa, à sociedade e aos diversos grupos para ganhar a opinião pública, mesmo sendo uma proposta indigesta", explicou. "Se o debate ficar somente na Câmara, quem tem maior poder de pressão vai exercê-lo sobre os vereadores, vai avançar individualmente sobre os vereadores e dificultar o debate."

Para Silveira, será interessante observar a "ginástica verbal" que alguns vereadores – hoje na base de Belinati – terão de fazer para justificar a mudança de posição, já que em 2014 eram claramente contrários à atualização da planta. "Vai ser interessante observar este discursos, esta ginástica verbal."

Tanto Cenci quanto Silveira concordam que a discussão sobre o IPTU deverá ser a "grande agenda" da Câmara, que até agora está focada em sua crise interna e oito representações contra vereadores por quebra de decoro parlamentar. "Até agora, esta Câmara trouxe uma crise para dentro; não começou legislar para valer", afirmou Cenci. "Esse debate (sobre o IPTU) vai inaugurar a legislatura", resumiu Silveira.