Porto Alegre O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem do 3º Fórum Social Mundial (FSM), realizado em Porto Alegre, que registra a participação de mais de 100 mil pessoas. Na sua palestra no final do dia, no Anfiteatro Pôr-do-Sol, Lula disse que os países ricos e poderosos precisam ouvir os que estão em desenvolvimento. ''Davos precisa ouvir Porto Alegre'', disse Lula. ''Nossa vitória representa a esperança, não apenas para a esquerda aqui dentro, mas para toda a América Lativa. Sei da expectativa dos socialistas do mundo inteiro''.
Lula disse que irá a Davos para mostrar aos participantes que o mundo precisa de paz, não de guerra. ''Muita gente que está em Davos não gosta de mim sem me conhecer. Eu quero ir a Davos para mostrar que tem muita gente no mundo que não come cinco vezes ao dia como eles, mas que fica cinco dias sem comer. O mundo não precisa de guerra, precisa de paz e compreensão'', disse.
O presidente brasileiro, que chegou a Porto Alegre vindo de Curitiba, onde presidiu a posse de Jorge Samek na direção-geral brasileira da Itaipu Binacional, demonstrou que está disposto a escrever um novo período na história do Brasil: ''Nos últimos anos, muitos presidentes saíram do governo de seus países devido à corrupção: Collor no Brasil, Fujimori no Peru, Menen na Argentina e Salinas no México. Todos foram subservientes às grandes nações. Agora vamos dar um basta nisso. Agora vamos a Davos levar o que está sendo discutido aqui em Porto Alegre e dizer que outro mundo é possível''.
Já na sua chegada à capital gaúcha resumiu aos jornalistas o discurso que pretende apresentar durante o Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado na Suíça, numa alusão clara à importância dos temas sociais que estão sendo debatidos em Porto Alegre durante o FSM. ''É inadmissível que, no início de um novo milênio, ainda haja milhões de seres humanos que não têm o que comer. Depois de participar pela terceira vez do Fórum Social Mundial, vou mostrar a Davos que outro mundo é possível'', disse Lula em meio a centenas de moradores, visitantes e participantes do evento em busca de autógrafos, fotos e abraços do presidente.
Sobre a reunião em Davos, Lula reforçou que participará do Fórum Econômico como ''representante dos interesses latino-americanos''. O presidente também parecia animado em saber que dezenas de chefes de Estado e de megacorporações estariam tentando agendar encontros com ele na pequena cidade suíça de belíssima paisagem envolta pela neve. A assessoria oficial da Presidência informou que inclusive Bill Gates pretende falar reservadamente com o presidente brasileiro.
Acompanhado da comitiva que incluia o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o ministro da Educação, Cristovam Buarque, o presidente Lula embarcou ontem à noite para São Paulo, de onde viajaria até a Suíça. A multidão que ouviu o discurso do presidente permaneceu no anfiteatro (localizado à margem do Rio Guaíba) para assistir aos shows previstos de Jorge Ben Jor e do uruguaio Ruben Rada.