Um dos fundamentos para o pedido de prisão do ex-prefeito José Joaquim Ribeiro (sem partido) formulado pelo Ministério Público (MP) é uma conversa telefônica entre Ribeiro e o secretário de Gestão Pública, Denilson Vieira Novaes, na qual o secretário diz que está fazendo ''o máximo possível para corrigir as coisas que não tiverem certas''. A conversa, gravada por meio de interceptação telefônica autorizada pela Justiça (veja reprodução ao lado), ocorreu na noite de 10 de setembro, quando já havia se tornado pública a confissão do ex-prefeito de que recebeu propina dos empresários dos uniformes.
Para o MP, a conversa ''evidencia uma possível manipulação de possíveis documentos que porventura possam corroborar as declarações de Karin (Sabec)'', ex-secretária de Educação, que é ré colaboradora do MP. Na conversa, Denilson, que é servidor público desde 1996, se refere a contratos com a Proguarda, empresa que presta serviços de limpeza dos prédios públicos, e do fornecimento da merenda.
Em entrevista à FOLHA, Denilson disse que a transcrição ''ficou fora de contexto''. ''Eu já tinha dito publicamente que estava cancelando contratos com problemas e que iria rever procedimentos.'' Segundo ele, aquela ligação foi uma das poucas que recebeu do ex-prefeito e antes de conversarem sobre os contratos, Ribeiro fez uma espécie de desabafo pessoal, demonstrando-se muito ''angustiado''. ''Mas em nenhum momento me pediu absolutamente nada irregular e não entendi que ele tentava me induzir a qualquer ato ilegal'', comentou. ''Me pareceu preocupado se as providências estavam sendo tomadas sobre as denúncias feitas pela ex-secretária e angustiado com a possibilidade de aparecerem novas denúncias contra ele.''
O secretário disse ainda que o contrato da merenda foi glosado porque embora houvesse previsão de repasse de insalubridade aos empregados a verba não estava sendo repassada, o que representa diferença de R$ 500 mil anuais.

Imagem ilustrativa da imagem Conversa com secretário fundamenta pedido de prisão