Cidade Industrial de Londrina deve sair do papel em 2018
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Victor Lopes<br>Reportagem Local
Londrina finalmente vai tirar do papel a construção do seu famigerado (e aguardado) condomínio industrial fechado. A novela que se iniciou em março de 2015 ainda no governo Alexandre Kireeff quando foi sancionada a lei para adquirir o terreno da Cohab (Companhia de Habitação de Londrina) e que passou por diversas dificuldades e idas e vindas neste período, como falta de recursos e entraves ligados ao Plano Diretor da cidade, será oficialmente anunciado na primeira quinzena de 2018. O local? Exatamente onde a administração anterior vislumbrava: a Cidade Industrial de Londrina (Cilon), zona norte do município.
O trabalho ganhou fôlego na gestão Marcelo Belinati (PP) com a aprovação semana passada na Câmara Municipal do projeto de lei que autoriza um empréstimo de R$ 25 milhões para o andamento da obra do condomínio fechado através do Fomento Paraná. A área fica na avenida Saul Elkind, no sentido Londrina a Cambé, a 3,6 km da PR-445 e da BR-369 e com acesso direto ao futuro Contorno Norte de Londrina, na região noroeste. Aproximadamente 170 lotes serão viabilizados aos empresários, com terrenos de 2, 4, 6 e 8 mil metros quadrados, dependendo do tipo de empreendimento, totalizando 980 mil metros quadrados.
Em conversa com a FOLHA, o secretário de Governo, Marcelo Canhada, relata que junto à liberação do montante, a prefeitura já finalizou o projeto arquitetônico e ainda trabalha em outras questões técnicas antes do lançamento oficial. "Em janeiro, quando for apresentado oficialmente, a ideia é que o empreendedor já saiba qual tipo de empresa o condomínio irá aceitar, do ponto de vista ambiental e também de outras licenças. Estamos finalizando esses detalhes", adiantou ele. A apresentação acontecerá junto com o Sinduscon Norte e Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (Ceal), que estão auxiliando o município.
Para que as indústrias se aloquem no condomínio, Canhada relata que o "poder público dará prazo para que o empresário possa pagar e terreno e iniciar a construção". Segundo o secretário, a ideia da Prefeitura é angariar recursos nessas transações para iniciar a construção de novos condomínios industriais neste mesmo formato. "O espaço terá toda a logística para facilitar a vida do empreendedor e também do empregado, com agência bancária, refeitório e toda a infraestrutura para a geração de empregos."
Questionado sobre por que a área do Cilon seria o melhor local já que a gestão atual tinha dúvidas sobre o andamento da industrialização da cidade naquele espaço Canhada disse que foi avaliado como a melhor estratégia. "Era uma área industrial que só tinha uma placa e agora estamos tirando o projeto do papel. Acredito que é (o projeto) mais importante em 20 anos na retomada da industrialização da cidade."
Por fim, o secretário disse que será um projeto bem moderno porque rapidamente através da CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas), o empresário saberá da sua viabilidade de instalação no local. "A grande maioria das empresas vai poder se instalar lá", complementou ele.
Em viagem a Brasília, o prefeito Marcelo Belinati (PP) conversou com a reportagem da FOLHA e salientou a importância de um formato mais moderno de industrialização, em condomínios fechados, bem diferente, segundo ele, do que foi feito nos últimos 20 anos na cidade.
"O objetivo é que o projeto se pague. Acabou o modelo de doar terrenos, é preciso vendê-los. Não que isso seja proibitivo, mas é preciso analisar caso a caso. A Lei de Incentivo à Industrialização tem mais de 20 anos e precisa ser modernizada. Nos últimos anos, 88% das empresas que receberam áreas doadas não se instalaram por diferentes motivos, sendo o mais grave a falta de infraestrutura. Isso gera prejuízo para o empresário e para a cidade, que não atinge seu objetivo final."
O prefeito afirmou que se hoje uma empresa de grande porte resolver se instalar na cidade teria dificuldade pela falta de um local adequado. Por isso, a importância de colocar esse tipo de projeto em andamento: "O empresariado não quer favor do poder público, e sim segurança jurídica e regras claras para implementar seu negócio. É preciso ter a infraestrutura e criar uma legislação moderna para a cidade de Londrina."
Ele comparou o município com Joinville, cidade catarinense de mesmo porte similar que, de acordo com Marcelo, arrecadou R$ 414 milhões em ICMS no ano passado, enquanto em Londrina ficou em pouco mais de R$ 100 milhões. "Por isso, a importância de agregar a industrialização em nossa matriz econômica. Num raio de mil quilômetros de Londrina, está 80% do PIB nacional. Precisamos aproveitar esse potencial."
Por fim, o prefeito preferiu não revelar detalhes sobre os valores dos terrenos que serão comercializados. Tudo será divulgado nas próximas semanas. "Findado os projetos, iniciam-se os trâmites burocráticos com o processo de licitação para iniciar as obras de infraestrutura no local. Ainda em 2018 daremos as ordens de serviço para iniciar a construção."