Lançado em março de 2015 pela gestão Alexandre Kireeff, projeto do Cilon finalmente deve virar realidade no próximo ano
Lançado em março de 2015 pela gestão Alexandre Kireeff, projeto do Cilon finalmente deve virar realidade no próximo ano | Foto: Anderson Coelho



Londrina finalmente vai tirar do papel a construção do seu famigerado (e aguardado) condomínio industrial fechado. A novela que se iniciou em março de 2015 – ainda no governo Alexandre Kireeff quando foi sancionada a lei para adquirir o terreno da Cohab (Companhia de Habitação de Londrina) – e que passou por diversas dificuldades e idas e vindas neste período, como falta de recursos e entraves ligados ao Plano Diretor da cidade, será oficialmente anunciado na primeira quinzena de 2018. O local? Exatamente onde a administração anterior vislumbrava: a Cidade Industrial de Londrina (Cilon), zona norte do município.

O trabalho ganhou fôlego na gestão Marcelo Belinati (PP) com a aprovação semana passada na Câmara Municipal do projeto de lei que autoriza um empréstimo de R$ 25 milhões para o andamento da obra do condomínio fechado através do Fomento Paraná. A área fica na avenida Saul Elkind, no sentido Londrina a Cambé, a 3,6 km da PR-445 e da BR-369 e com acesso direto ao futuro Contorno Norte de Londrina, na região noroeste. Aproximadamente 170 lotes serão viabilizados aos empresários, com terrenos de 2, 4, 6 e 8 mil metros quadrados, dependendo do tipo de empreendimento, totalizando 980 mil metros quadrados.

Em conversa com a FOLHA, o secretário de Governo, Marcelo Canhada, relata que junto à liberação do montante, a prefeitura já finalizou o projeto arquitetônico e ainda trabalha em outras questões técnicas antes do lançamento oficial. "Em janeiro, quando for apresentado oficialmente, a ideia é que o empreendedor já saiba qual tipo de empresa o condomínio irá aceitar, do ponto de vista ambiental e também de outras licenças. Estamos finalizando esses detalhes", adiantou ele. A apresentação acontecerá junto com o Sinduscon Norte e Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina (Ceal), que estão auxiliando o município.

Para que as indústrias se aloquem no condomínio, Canhada relata que o "poder público dará prazo para que o empresário possa pagar e terreno e iniciar a construção". Segundo o secretário, a ideia da Prefeitura é angariar recursos nessas transações para iniciar a construção de novos condomínios industriais neste mesmo formato. "O espaço terá toda a logística para facilitar a vida do empreendedor e também do empregado, com agência bancária, refeitório e toda a infraestrutura para a geração de empregos."

Questionado sobre por que a área do Cilon seria o melhor local – já que a gestão atual tinha dúvidas sobre o andamento da industrialização da cidade naquele espaço – Canhada disse que foi avaliado como a melhor estratégia. "Era uma área industrial que só tinha uma placa e agora estamos tirando o projeto do papel. Acredito que é (o projeto) mais importante em 20 anos na retomada da industrialização da cidade."

Por fim, o secretário disse que será um projeto bem moderno porque rapidamente através da CNAE (Classificação Nacional das Atividades Econômicas), o empresário saberá da sua viabilidade de instalação no local. "A grande maioria das empresas vai poder se instalar lá", complementou ele.

Formato de industrialização precisa se modernizar, diz prefeito

Em viagem a Brasília, o prefeito Marcelo Belinati (PP) conversou com a reportagem da FOLHA e salientou a importância de um formato mais moderno de industrialização, em condomínios fechados, bem diferente, segundo ele, do que foi feito nos últimos 20 anos na cidade.

"O objetivo é que o projeto se pague. Acabou o modelo de doar terrenos, é preciso vendê-los. Não que isso seja proibitivo, mas é preciso analisar caso a caso. A Lei de Incentivo à Industrialização tem mais de 20 anos e precisa ser modernizada. Nos últimos anos, 88% das empresas que receberam áreas doadas não se instalaram por diferentes motivos, sendo o mais grave a falta de infraestrutura. Isso gera prejuízo para o empresário e para a cidade, que não atinge seu objetivo final."

O prefeito afirmou que se hoje uma empresa de grande porte resolver se instalar na cidade teria dificuldade pela falta de um local adequado. Por isso, a importância de colocar esse tipo de projeto em andamento: "O empresariado não quer favor do poder público, e sim segurança jurídica e regras claras para implementar seu negócio. É preciso ter a infraestrutura e criar uma legislação moderna para a cidade de Londrina."

Ele comparou o município com Joinville, cidade catarinense de mesmo porte similar que, de acordo com Marcelo, arrecadou R$ 414 milhões em ICMS no ano passado, enquanto em Londrina ficou em pouco mais de R$ 100 milhões. "Por isso, a importância de agregar a industrialização em nossa matriz econômica. Num raio de mil quilômetros de Londrina, está 80% do PIB nacional. Precisamos aproveitar esse potencial."

Por fim, o prefeito preferiu não revelar detalhes sobre os valores dos terrenos que serão comercializados. Tudo será divulgado nas próximas semanas. "Findado os projetos, iniciam-se os trâmites burocráticos com o processo de licitação para iniciar as obras de infraestrutura no local. Ainda em 2018 daremos as ordens de serviço para iniciar a construção."