Imagem ilustrativa da imagem Câmara gastou quase R$ 60 mil em passagens aéreas nos últimos dois anos



De acordo com o Relatório de Tarifas Aéreas Domésticas, da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o preço médio da passagem aérea para voos domésticos em 2017 foi de R$ 357,16. No mesmo ano, em todo o País, 52,9% foram vendidas por menos de R$ 300 e apenas 0,7% por mais de R$ 1.500.

No entanto, a FOLHA apurou que algumas passagens aéreas adquiridas pela Câmara Municipal de Londrina foram compradas por valores bem mais salgados entre 2017 e 2018. Ao todo foram gastos R$ 15.805,66 em 12 viagens aéreas em 2018 e 43.448,24 em 20 viagens aéreas em 2017. O valor gasto há dois anos é o maior entre 2013 e 2018 (veja no infográfico). Todas as informações estão no site da Câmara, onde também é possível constatar que muitas viagens foram feitas de ônibus ou com os próprios veículos oficiais.

Segundo apurou a reportagem, em abril de 2018 foram gastos R$ 2.023,66 para que o vereador Jamil Janene (PP) pudesse representar a Câmara na solenidade de posse da então governadora do Paraná Cida Borghetti (PP), em Curitiba.

Outra ida e volta a Curitiba que chama a atenção foi em janeiro do ano passado, quando a CML gastou R$ 1.696,38 nas passagens da servidora Bruna Fernandes Lonni Hipolito para participar do Curso Completo de Fiscalização de Contratos Terceirizados. E R$ 1.528,65 para que a servidora Julia Saragoca Santos participasse do curso completo de Licitações e Contratos Administrativos em São Paulo.

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Já para que o procurador jurídico da Câmara, Miguel Aranega Garcia, pudesse acompanhar os autos de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no Tribunal de Contas do Estado do Paraná, em Curitiba, foram gastos R$ 1.782,63, em setembro. O relatório aponta outra viagem a Curitiba que saiu por R$ 1.533,45, quando o procurador precisou acompanhar o protocolo de suspensão dos efeitos de Antecipação de Tutela, em meio a uma batalha jurídica entre a Câmara e as defesas dos vereadores Mario Takahashi (PV) e Rony Alves (PTB), que tentavam suspender os trabalhos da Comissão Processante instalada contra eles.

Já em fevereiro de 2017 as passagens do vereador Jairo Tamura (PR) para representar a CML no almoço de despedida do Cônsul Geral do Japão, em Curitiba, não saíram por menos de R$ 1.742,62. Já para participarem de reunião do grupo de empresas japonesas do setor de alimentos, na Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, em São Paulo, as passagens de Tamura, Eduardo Tominaga (DEM) e o então presidente da CML, Mario Takahashi (PV), custaram, ao todo, R$ 5.478,81, ou seja, R$ 1.826,27 cada.

No mesmo ano a ida do então vereador Filipe Barros (PSL) para reuniões com os então deputados federais Takayama (PSC) e Francischini (PSL), e para participar de um jantar na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em homenagem aos ex-ministros paranaenses Osmar Serraglio (MDB) e Ricardo Barros (PP), em Brasília (DF), custou R$ 2.614,34. A viagem foi em maio de 2017.

Para a participação da vereadora Daniele Ziober (PP) na audiência pública "Construindo Políticas Públicas pelos Direitos dos Animais" também na capital federal, representando a Câmara Municipal de Londrina, a CML gastou R$ 2.285,53.

Segundo o site da Câmara, os dados foram atualizados em 25 de janeiro deste ano.

Observatório

A reportagem entrou em contato com o Observatório de Gestão Pública. O presidente, Roger Trigueiros, concordou que algumas passagens foram adquiridas com preços bem acima dos praticados pelo mercado.

"A análise dos gastos da CML com passagens em 2018 indica que, aparentemente, os preços estão acima do valor de mercado e precisam ser explicados. É preciso questionar se a Câmara fez cotação de preços, se era possível serem compradas com antecedência para garantir preços mais baixos e se houve planejamento da compra das passagens. Se esse caminho não foi observado é preciso explicar o motivo", afirma Trigueiros.

Câmara

Segundo a assessoria de comunicação da Câmara o vereador Jamil Janene acabou perdendo uma carona para a solenidade de posse, por isso a passagem foi adquirida de última hora. E, ainda, de que para Curitiba a maioria das viagens tem sido realizadas de carro ou ônibus.

De acordo com o balanço a diferença de preços de um ano para o outro se dá, principalmente, por conta uma viagem internacional que o ex-presidente, o vereador afastado Mário Takahashi (PV), realizou em abril de 2017. Takahashi integrou uma comitiva ao lado do prefeito Marcelo Belinati (PP) que passou por Dubai, Tóquio, Kobe, Nishinomiya e Okinawa, no Japão. Somente as passagens custaram R$ 14.525,87 (aéreas) e R$ 10.857,00 (rodoviárias). A reportagem tentou contato com o vereador afastado diversas vezes desde o final de janeiro, mas sem sucesso.