Depois de muita negociação do Executivo nos bastidores da Câmara Municipal de Londrina para conseguir maioria dos votos, 14 dos 19 vereadores aprovaram na noite dessa terça-feira (26), em primeira discussão, o projeto de lei 191/2017, na forma do substitutivo número 1, que altera a PGV (Planta Genérica de Valores) que serve de base de cálculo para IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em 2018. Os cinco vereadores que votaram contra a medida foram: Emerson Petriv (PP), o Boca Aberta; Filipe Barros (PRB); Felipe Prochet (PSD); Junior Santos Rosa (PSD); e Roberto Fu (PDT).

O substitutivo enviado pelo Executivo atendeu, em parte, a demanda de munícipes protocoladas na última audiência pública. Houve mudança no escalonamento referente ao imposto que estava previsto para quatro anos (até 2021) e passou para sete anos (2024). Já em relação à alíquota sobre o valor venal do IPTU - que começaria em 0,85% no projeto original -, no novo texto adaptado pelo Executivo ela vai partir de 0,65% em 2018 até chegar gradativamente em 1%.

Segundo o secretário de Fazenda e Planejamento, Edson de Souza, com o projeto a arrecadação com IPTU terá um acréscimo de R$ 110 milhões para 2018, ou seja, passa de R$ 190 milhões (2017) para R$ 300 milhões no próximo ano.

"É obvio que teremos que fazer um reestudo (com a diferenciação da alíquota) pois a mudança terá uma diminuição no valor de arrecadação de R$ 87 milhões do valor inicialmente previsto, então temos essa missão de realocar esse montante", disse.

Segundo cálculos do Executivo, a redução média com a queda na alíquota será R$ 358 em relação aos 260 mil imóveis cadastrados em Londrina. O mapa apresentado pelo prefeitura mostrou que o IPTU irá aumentar para 98% dos casos.

O procurador jurídico da prefeitura, João Luiz Esteves, justificou a pressa do Executivo, com a "noventena"(prazo de 90 dias), para aprovar o projeto para poder ser aplicado no boleto de 2018. O embasamento está na Constituição Federal. "A modificação da alíquota, as isenções fiscais e a questão da taxa de lixo exigem que o projeto de lei seja aprovado até 2 de outubro", explicou.
Segundo ele, inicialmente o município não contava com esse argumento porque somente a mudança na planta de valores não exigia o prazo.

O presidente da Câmara, Mario Takahashi (PV) disse que o projeto modificado permitiu o diálogo com o Legislativo. No meio da tarde, Takahashi recebeu o prefeito Marcelo Belinati (PP) e vários secretários e assessores de gabinete do Executivo em uma longa negociação.

"Sabemos da nossa responsabilidade e do reflexo dessa mudança, mas não podemos nos furtar desse tema", disse ao justificar o voto em plenário.

Imagem ilustrativa da imagem Câmara de Londrina aprova 'novo IPTU' em primeiro turno



DEBATE
O vereador Junior Santos Rosa, que votou contrário à matéria, disse que não estava convencido e criticou o projeto que foi enviado às pressas para Casa. "Não entendo como justiça fiscal. Esse projeto deveria ser debatido com mais tempo, tempo maior para demonstrar esse impacto para o contribuinte." Boca Aberta fez o discurso mais enfático contra o tema. "Ninguém aguenta mais tanto imposto, existe outras formas do Belinati buscar recursos", ressaltou.

Rony Alves (PTB), que em muitos discursos tivera posicionamento crítico ao projeto original, acabou aprovando o substitutivo alegando "dar um voto de confiança ao Executivo. "Seremos criticados nas ruas? É claro que seremos. Mas ficar 16 anos sem atualizar a planta de valores é irresponsabilidade", justificou Alves.

"Nós nos debruçamos para analisar minuciosamente o projeto e demos sugestões para conseguir o melhor texto", alegou Gerson Araújo (PSDB).

Vilson Bittencourt (PSB) classificou o momento como o mais tenso que exerceu no cargo. "Eu sei da responsabilidade que tenho com os dois lados", desabafou.

Eduardo Tominaga (DEM) sustentou a tese de que o governo chegou a um valor razoável. "Eu não estou aqui para fazer oposição, mas estou cobrando dos secretários que estão aqui para fazer o melhor pela nossa cidade."

O projeto precisa ser aprovado em segunda discussão nesta quinta-feira (28) antes de ser sancionado pelo prefeito.