Com o foco nas eleições gerais do ano que vem e negando ser um líder da "extrema direita", o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) passou por Londrina nesta quinta-feira (25), dentro da agenda nacional para viabilizar a candidatura à presidência em 2018. Embora tenha afirmado nas aparições públicas que não é "candidato a nada", até para evitar a campanha antecipada, o deputado foi aclamado como "mito" por cerca de 300 simpatizantes que foram recepcioná-lo no aeroporto, com direito a discurso de cima de caminhão de som, onde foi apresentado como o "nosso próximo presidente", pelo vereador londrinense Filipe Barros (PRB), responsável por conduzir o ato.

Bolsonaro se reuniu, ainda, com o prefeito Marcelo Belinati (PP), discursou na sessão da Câmara de Vereadores e fez palestra em um hotel da cidade, à noite. Com frases como "gente com o meu perfil pode estar à frente do Brasil em 2018" e "só serei candidato se vocês desejarem", o deputado federal arrastou o grupo de seguidores que fazia coro contra governos do PT e contra o ex-presidente Lula. "Tem que ser honesto, não podemos aceitar corrupção nem de direita, nem de esquerda", discursou o parlamentar, ao lado dos deputados federais Fernando Francischini (SD-PR) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), seu filho.

Em entrevista coletiva, Bolsonaro evitou revelar a sua posição em relação ao presidente Michel Temer (PMDB), contra quem pesam 13 pedidos de impeachment na Câmara Federal. "Não posso ajudar a aumentar o caos no momento. A minha opinião, que é o meu voto, será dado na hora oportuna", disse ele, sobre eventual votação para cassar o presidente. Ele criticou o fato de Temer ter recebido o empresário Joesley Batista, dono da JBS, fora da agenda oficial, em sua residência.

CONFIRA TRECHO DA ENTREVISTA COLETIVA



Na prestação de contas da campanha de 2014, Bolsonaro teve uma doação de R$ 200 da JBS/Friboi, conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele negou ter recebido dinheiro diretamente do conglomerado do setor de carnes. "O presidente do partido, Ciro Nogueira (PP), me ligou para dizer que iria botar R$ 300 mil na minha conta, eu disse na ocasião para pôr R$ 200 na minha e R$ 100 na do meu filho. Quando eu vi que era da JBS, dois dias depois devolvi ao partido via cheque nominal, eu não aceitei."

Questionado como seria implementar no País um governo de extrema direita, Bolsonaro adotou um tom mais moderado e rechaçou a classificação extremista. "Há pouco tempo, direita era um palavrão e eu sempre fui de direita. Depois que começou a ficar bonito esse nome, botaram o PSDB na direita e me jogaram na extrema direita, mas extrema sempre lembra atos de terrorismo", falou. "Aqui, se por ventura um militar for eleito, será por voto de vocês e toca o barco pra frente", complementou. Bolsonaro cumpre, nesta sexta-feira (26), agenda em Maringá.



MANIFESTAÇÃO
O único momento em que Bolsonaro enfrentou um pequeno protesto foi na sessão da Câmara de Vereadores. Ali, manifestantes chamaram o deputado de fascista, mas não houve incidentes. À noite, um novo protesto foi realizado por aproximadamente 30 manifestantes – alguns encapuzados – em frente à FOLHA, onde atearam fogo em um boneco que representava o "fascista" Bolsonaro e com críticas a imprensa.

O parlamentar contou com um expressivo esquema de segurança na sua passagem por Londrina, reforçada pela Guarda Municipal e pela Polícia Militar (PM), situação incomum em visitas de deputados federais e estaduais à cidade. Segundo documento obtido pela reportagem junto às forças de segurança, o monitoramento do serviço reservado apontava para grupos de oposição que pretendiam "realizar atos de repúdio" e por isso seria necessário realizar patrulhamento ostensivo para "manter a ordem pública". Nenhuma confusão foi registrada.