Rio - Com 39 votos favoráveis contra 19 e uma abstenção, os deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovaram nessa sexta-feira (17) a libertação do presidente da Casa, deputado Jorge Picciani, do deputado Paulo Melo e do líder do Governo, deputado Edson Albertassi, todos do PMDB, presos nesta quinta-feira (16). O filho de Picciani, Rafael Picciani (PMDB), não votou.

O projeto de resolução 577/17 que revoga a prisão e o afastamento do mandato dos três havia sido também aprovado pela maioria dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Foram quatro votos a dois na comissão.

A decisão da Alerj também determina que eles retomem o exercício regular do mandato na próxima terça-feira (21) uma vez que segunda-feira é feriado. O secretário da Mesa Diretora deve entregar a decisão na prisão de Benfica para a soltura dos deputados. O advogado Nelio Machado, que defende Picciani, acompanhou a votação e disse esperar que o deputado seja libertado ainda nesta sexta-feira, 17.

A prisão foi determinada na última quinta-feira (16), por decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Os três parlamentares são investigados por propina de empresas do setor de transportes. Após a determinação, os parlamentares se apresentaram à sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio.

EXPULSÃO
O PSOL pediu a expulsão do deputado Paulo Ramos depois que este votou a favor da libertação de Jorge Picciani (PMDB), Paulo Melo (PMDB) e Edson Albertassi (PMDB). Ele contrariou a orientação da bancada e dos outros quatro deputados do partido que votaram a favor da manutenção da prisão.

Em nota, o PSOL afirmou que Paulo Ramos "tomou hoje uma altitude inaceitável". "Dessa forma, o deputado se colocou ao lado da máfia dos transportes, das empreiteiras e de todos aqueles que saquearam o estado do Rio. Ao se colocar ao lado dessas máfias, Paulo Ramos perdeu completamente as condições de permanecer nas fileiras do nosso partido", diz a nota, distribuída por membros do partido ainda no plenário da Alerj, após a votação.

O deputado, que está afastado do PSOL, defendeu o seu voto em plenário. "O judiciário não respeita a Constituição. Hoje, a maioria do Poder Legislativo enfrentou uma decisão extravagante do Poder Judiciário porque a própria Constituição diz que o deputado só pode ser preso em delito flagrante delito ou crime inafiançável", disse.

PROTESTOS
A Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar cerca de mil manifestantes que se concentraram em frente da Alerj. O lançamento das bombas provocou correria pelas ruas do centro do Rio.

O ato começou por volta das 13h, e vinha transcorrendo sem maiores incidentes até às 16h. Segundo os manifestantes, uma liminar da Justiça autorizava o acesso do público às galerias da Alerj, mas com a demora da chegada da decisão um grupo tentou invadir a Assembleia. Foi aí que a PM passou a fazer uso das bombas.

Os manifestantes ocupavam a Avenida Primeiro de Março. Um carro de som, bandeiras de partidos de esquerda e de grupos sindicais também eram usados no ato. Os discursos foram feitos por líderes de movimentos e pessoas que se apresentam como "cidadãos comuns". Todos pediam pela manutenção da prisão de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB. Os três passaram a noite confinados na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio.

Um estudante de 20 anos foi atingido por uma bala de borracha na testa, logo acima do olho direito, durante manifestação. Fernando Veiga Neves estava próximo às grades que separam os manifestantes do acesso à Alerj e foi atingido tão logo a Polícia Militar passou a fazer uso de bombas de gás para dispersar o protesto, que reunia cerca de mil pessoas.

Imagem ilustrativa da imagem Alerj decide soltar deputados