Considerado líder da organização criminosa que fraudou a contratação da oficina mecânica Providence, de Cambé, para prestar serviços de reparo de veículos oficiais do Estado, o empresário Luiz Abi Antoun, parente distante do governador Beto Richa (PSDB) foi condenado a 13 anos de prisão e ao pagamento de R$ 193.680 de multa.

A sentença foi proferida ontem pelo juiz da 3ª Vara Criminal, Juliano Nanuncio, no processo decorrente da Operação Voldemort, deflagrada em março do ano passado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), após seis meses de investigações, que incluíram o monitoramento dos envolvidos e escutas telefônicas.

Em razão da quantidade de pena, Abi deve começar a cumpri-la em regime fechado, a partir do trânsito em julgado. Em 175 páginas, o juiz condenou não apenas Abi, que, era, de fato, segundo entendimento do magistrado, o dono da Providence, mas os outros seis acusados na denúncia. Todos poderão recorrer em liberdade.

A Abi, Nanuncio aplicou pena de reclusão de seis anos e um mês pelo crime de organização criminosa e de 2 anos e quatro meses por falsidade ideológica (nos documentos da Providence, que estava em nome do "laranja" Ismar Ieger). Somadas, as penas de reclusão chegam a oito anos e cinco meses, o que justifica o regime inicial fechado. Pelo crime de fraude em licitação, a pena de detenção foi de cinco anos, e o regime inicial de cumprimento é semiaberto.

DEMAIS RÉUS

Os outros réus foram condenados em penas menores que o líder do esquema criminoso: o empresário Roberto Tsuneda, sócio de Abi (6 anos e 15 dias de reclusão e 4 anos e 2 meses de detenção e multa de R$ 81 mil); o mecânico Ismar Ieger (4 anos e seis meses de reclusão e 4 anos e dois meses de detenção em multa de R$ 45 mil); o advogado José Carlo Lucca (6 anos e 15 dias de reclusão e 4 anos e dois meses de detenção e multa de R$ 139 mil); o empresário Paulo Midauar (4 anos, quatro meses e 15 dias de reclusão, 4 anos e dois meses de detenção e multa de R$ 100 mil); o ex-diretor do departamento onde a licitação foi realizada Ernani Delicato (4 anos, quatro meses e 15 dias de reclusão e 3 anos e seis meses de detenção e multa de R$ 68 mil). A todos eles, o regime inicial de cumprimento da pena é o semiaberto. Ao policial militar Ricardo Batista, o juiz aplicou a menor das penas: 2 anos, quatro meses e 20 dias de detenção, que foi substituída pela de serviços à comunidade pelo mesmo período, durante sete horas semanais, além de multa de R$ 33,7 mil.