As propriedades rurais do Paraná se constituem hoje de pequenos e médios produtores, com áreas classificadas em quatro módulos fiscais, ou seja, até 48 hectares.

Boa parte desses produtores explora diversas atividades tocadas em conjunto com seus familiares ou até mesmo contratando a mão de obra de terceiros, quando necessária.

Com baixa tecnologia e falta de assistência técnica, esses agricultores produzem diversas culturas utilizando a “tecnologia do conhecimento”, o que nem sempre resulta em boa produtividade.

Há um descompasso entre a realidade rural que engloba os pequenos e médios produtores, com o agronegócio tecnológico tão propalado que vemos na mídia e em grandes propriedades.

Nosso desafio é disponibilizar as tecnologias e inovações aos produtores mais necessitados, àqueles marginalizados, para que eles também possam produzir com qualidade e ter acesso a mercados diferenciados.

Por outro lado, percebemos que há exceções. Uma pequena parte dos pequenos agricultores, que hoje está mais tecnificada, se encaixa no padrão de produção, enquanto a outra, infelizmente em maior número, não produz a contento e não consegue se inserir por falta de condições para atender as exigências do mercado.

Essa pequena parte de agricultores se atualiza por meio dos cursos fornecidos pelo SENAR e Sindicato Rural Patronal, que disponibilizam mais de 200 cursos gratuitamente à família do trabalhador e do produtor rural. Mas, ainda é muito preocupante se analisarmos o número de propriedades pequenas e médias - em torno de 75% - que vivem à margem dos poucos recursos ofertados ou estão sendo subutilizadas.

Hoje, percebemos que a falta de assistência, de crédito e de incentivo dos órgãos públicos, estão agravando a vida desses pequenos agricultores, que não conseguem produzir em grande escala por falta de recursos. E mais: o resultado da diminuição de oferta reflete diretamente no preço que é repassado ao consumidor.

Está em vigor, há mais de 50 anos, a lei do Crédito Rural, que define os objetivos e as competências institucionais, prevê os recursos e estabelece as ações e instrumentos da política agrícola, relativamente às atividades agropecuárias e agroindustriais. O primeiro artigo da lei diz que o crédito rural, será distribuído e aplicado de acordo com a política de desenvolvimento da produção rural do País e tendo em vista o bem-estar do povo.

É preciso que se cumpra a lei. Durante muitos anos, os recursos disponíveis eram suficientes para atender a grande maioria dos pequenos e médios agricultores, mas atualmente o que é ofertado já não contempla a maioria.

Não podemos negar que com as novas tecnologias houve uma evolução extraordinária de importação de vários produtos, passamos a exportar e a estar na lista dos países que estão em primeiro lugar no mundo com a exportação de alguns produtos.

Mas isso não é tudo, a nosso ver, é preciso preservar o pequeno e médio produtor, com recursos subsidiados, seguro de renda e assistência técnica, para garantir a segurança que ele tanto precisa para continuar produzindo os alimentos que vão à mesa de todo consumidor, deixando para o grande produtor outros meios de garantir e produzir as commodities que também são muito importantes para o País.

Voltamos a repetir, que as pequenas e médias propriedades rurais são um dos principais elementos econômicos responsáveis pela produção de alimentos e produtos agrícolas em geral. Por isso, acreditamos que seja possível buscar escala para este sistema de produção, garantindo mercados diferenciados e aumentando o peso político das demandas do setor.

Narciso Pissinati, presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina