A morte do profeta Bauman
O falecido filósofo Zygmunt Bauman tinha razão. Vivemos numa sociedade "líquida", onde as coisas e as pessoas podem "evaporar". No caso dos bens materiais, observamos que muitos já são descartáveis, fruto do rápido avanço tecnológico. Porém, o que mais assusta é que as pessoas também estão se tornando descartáveis. Adquirimos mais amizades virtuais do que em "carne e osso". Talvez, porque as virtuais podem ser deletadas. Já a amizade sólida exige cultivo constante, como uma planta. Resiste, sobrevive e se torna mais forte com as intempéries, pois a vida também não é perfeita. Nisto reside sua beleza. O psiquiatra Marco Polo diz: "Ser feliz não é ter uma vida perfeita sem falhas, mas usar nossas loucuras para nutrir a saúde, as crises para alicerçar a tolerância, as lágrimas para enriquecer a sabedoria". Ele relata que milhões de jovens são vítimas da intoxicação digital. Estamos na era dos "mendigos emocionais". Vivemos num mundo instável e individualista. Estamos tão preocupados com selfies que perdemos o raro momento. O escritor Fernando Pessoa dizia que "o criador do espelho envenenou a alma humana", pois o homem foi projetado para não poder ver sua própria face. Resumindo: temos a liberdade de opção entre o líquido e o sólido.
AMARILDO PASINI (professor) – Londrina

Crise no sistema penitenciário
Após os massacres nos presídios de Manaus e Roraima, faço algumas reflexões sobre suas consequências. Em primeiro lugar, houve matança de presos contra presos. Ocorre que o Estado é responsável pela integridade física e moral das pessoas que estão sob sua custódia, em especial os presidiários, e desta forma a conta vira para o contribuinte. O Estado, por sua vez, promove uma série de atividades para sanar o problema como construção de novos presídios, sistema de vigilância, entre outros que se mostram totalmente insólitos, mormente porque o ministro da Justiça está em cargo totalmente inapropriado, em face da sua incompetência. Agora, temos que avaliar os culpados destas tragédias. Assisti na TV a um debate com três juristas de alto conceito no País: um ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, um professor de Direito Constitucional da Fundação Getúlio Vargas e um terceiro professor de Ética Política da Unicamp. A pergunta foi: como consertar ou qual a solução? Foi um verdadeiro blábláblá, tanto que contou com uma advertência do jornalista para que os entrevistados se concentrassem na pergunta que, ao final, não resultou positivo. Até os dias de hoje, após vários comentários e opiniões, ninguém enfrentou o cerne da questão, qual seja: corrupção do sistema carcerário, pois é inacreditável que metralhadoras, fuzis, revólveres, celulares entre outros objetos adentrem nos presídios sem a conivência da direção e dos carcereiros. Após a demissão sumária do diretor do presídio de Manaus, que municiou a corrupção interna, o jornal "Estado de S.Paulo" (11/1) publicou uma carta aberta de iniciativa da Umanizzares – gestão prisional privada que administra o presídio de Manaus, na qual afirma em alto e bom tom que: "A Umanizzares permanece firme na crença de que uma cogestão eficiente e responsável das unidades prisionais, dentro dos limites estabelecidos pela lei e com a plena fiscalização dos órgãos responsáveis, é parte da solução para o grave problema nacional em que se tornou o sistema carcerário brasileiro". Ora, será que a administração do referido presídio não tinha ciência de que o chefe da facção "Família do Norte" tem uma cela especial, como divulgado pela imprensa com TV, geladeira, ar-condicionado, cama especial, entre outros objetos de luxo e altas regalias? A corrupção impera no sistema carcerário e os governantes não estão assumindo esta situação optando em soluções totalmente inviabilizadas pelos seus altos custos.
CARLOS HENRIQUE SCHIEFER (advogado) - Londrina

Esclarecimento
Na matéria "Empresário é absolvido em caso de exploração sexual" (Geral, 10/1), o advogado Miguel El Kadri esclarece que foi ele quem fez a defesa do réu Walid Kauss, absolvido em 1ª instância já que "foi considerado que o empresário não cometeu crime".

Correção
Diferentemente do divulgado na matéria "Negócio próprio e de custo baixo" (Economia&Negócios, 13/1), a microfranquia Miss Pink espera chegar aos R$ 6 milhões de faturamento em 2017.

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