Antes da Olimpíada do Rio começar, os alertas de que o evento seria um desastre correram o mundo. Obras inacabadas, zika vírus, mar poluído, violência, assaltos e traficantes de drogas eram assuntos preferidos das redes sociais. Os Jogos chegam ao final hoje e a organização arrancou elogios em todo o mundo. Tudo dentro do esperado, desde a inspiradora cerimônia de abertura até o momento em que esse editorial foi escrito - apesar da piscina com água verde e da câmera despencando do céu.

Usain Bolt e Michael Phelps fizeram história, como era esperado. Surgiram novos ícones, como Simone Biles, a americana que encantou na ginástica artística. Dos Estados Unidos veio também o grande vexame dos Jogos: o falso relato de um assalto que partiu de quatro atletas da equipe de natação. O escândalo motivou um pedido de desculpas do Comitê Olímpico dos EUA pela conduta dos nadadores – o mínimo que os americanos poderiam fazer era pedir perdão a um povo que trabalhou duro para fazer os Jogos acontecerem.

Por outro lado, os brasileiros conheceram novos nomes para torcer, como o canoísta baiano Isaquias Queiroz ou a dupla de velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze. Quem não se emocionou com a judoca Rafaela Silva, a menina que veio da Cidade de Deus, ganhou medalha de ouro e declarou que a vitória é uma prova de que uma criança que tem um sonho deve acreditar nele?

Sonho que poderia ser mais acessível se existisse maior investimento para as categorias de base. Um dos grandes legados desses Jogos é justamente a constatação de que o País precisa de uma política esportiva que invista dinheiro na formação, ajude a massificar o esporte e incentive as crianças e jovens a praticá-lo nas escolas e universidades.