A atleta Camila Stefaniu Ribeiro, de 14 anos: modalidade consiste na exploração de barreiras utilizando somente as habilidades e capacidades do corpo humano
A atleta Camila Stefaniu Ribeiro, de 14 anos: modalidade consiste na exploração de barreiras utilizando somente as habilidades e capacidades do corpo humano | Foto: Carol Santos/Divulgação


Transpor obstáculos pelas ruas da cidade de Cornélio Procópio tem sido, há seis anos, o principal passatempo da estudante Camila Stefaniu Ribeiro. A jovem de 14 anos conquistou recentemente nos Estados Unidos o título de campeã de uma competição internacional de parkour, que é um método de treinamento que permite ao indivíduo ultrapassar barreiras utilizando somente as habilidades e capacidades do corpo humano.

A atleta representou o Brasil neste mês em Las Vegas, Estados Unidos, onde participou do campeonato "Jump Off", organizado pela Federação Mundial de Free Running e Parkour (WFPF). Camila estava entre os quatro brasileiros que participaram do evento, que teve representantes de 15 países.

A estudante foi campeã geral da etapa feminina, na qual participou em duas modalidades. Ela conquistou o 1º lugar na categoria "estilo livre" e o 2º na categoria "velocidade", sendo a única brasileira a trazer para casa um troféu na bagagem, além de um prêmio de US$ 500.

Ela conta que descobriu o parkour aos 8 anos de idade, quando começou a praticar a atividade com alguns amigos em Cornélio, em 2011. Um professor de Londrina vinha especialmente para treiná-los. Porém, aos poucos, os membros do grupo foram saindo, e, desde 2016, ela treina sozinha pelas ruas e praças da cidade.

A estudante, que sonha com uma graduação na área da educação física, dedica atualmente entre seis a sete horas semanais aos treinos. "Não tem como fugir do dia a dia. Às vezes, eu estou na rua, e acabo pulando alguma coisa. Você não treina parkour, você vive o parkour. É algo que fica dentro de você desde o momento que você começa a praticar e levar a sério a prática", afirma Camila.

Viver a cidade

A atleta considera que a prática trouxe vários benefícios para sua vida, inclusive a ajudou a se soltar mais e a fazer novas amizades. "O que me encanta no parkour é a maneira como você conhece outras pessoas, como influencia no seu dia a dia e te transforma. Eu conheço gente do Brasil inteiro, e toda vez que vou conversar com as pessoas é algo novo", avalia.

Segundo ela, não existem regras específicas para a prática do parkour, que consiste na exploração do ambiente ao redor. "Você vê as coisas de uma outra maneira. Cria percursos geralmente onde as pessoas não veem. Por exemplo, quando eu vejo uma parede, eu penso sobre o porquê de eu não poder pular por cima dela, mas ter que passar pelo caminho onde eles querem que eu passe. Se prestar atenção, você começa a entender e fazer parte do que a cidade te oferece", descreve.

Camila acredita que qualquer pessoa pode praticar o parkour. "Às vezes, a gente pode pensar que é gordinho, ou muito velho, ou muito novo. Mas, você não vai começar já no nível avançado. Pode começar, por exemplo, pulando linha no chão, pode começar fazendo coisas totalmente básicas. Nosso corpo foi feito para fazer isso. O ser humano foi feito para se movimentar", afirma a estudante.

Sem apoio

O parkour chegou ao Brasil há pouco mais de 10 anos, mas não é muito difundido por aqui e ainda há poucos campeonatos. Já existem algumas academias de parkour no País, mas ainda é algo muito novo. "Levar o nome de Cornélio para o exterior foi algo muito gratificante", declara a campeã. "Porque a gente vê que aqui tem muita dificuldade em crescer no esporte. No Brasil, não temos apoio", conta Camila, que conseguiu participar do campeonato nos Estados Unidos graças ao apoio da família, que arcou com as despesas de passagens e hospedagem.

A mãe da atleta, Rosina Stefaniu Ribeiro, afirma que sempre incentivou os filhos a praticar esportes. "Quando eles começaram a fazer parkour, eu achei incrível. Porque é uma coisa que a gente sempre fez quando era mais jovem, só que não tinha técnica. A gente subia na calçada, no telhado, na árvore, pulava corda. Todas essas atividades que a gente fazia para se movimentar, mas não tinha uma técnica, foram reunidas no parkour", disse ela.